Em meio a construções abandonadas, dois prédios antigos do centro de São Paulo estão sendo restaurados e, nos próximos meses, devem reviver a rotina agitada dos velhos tempos.
Um deles é o edifício Sampaio Moreira, com 14 andares, o maior da cidade desde 1924 até 1929, quando foi superado pelo Martinelli. Construído em concreto armado, inovação na época, era avistado a quilômetros de distância.
A partir de 1954, o prédio passou a abrigar em seu térreo a Casa Godinho, mercearia tradicional frequentada por políticos e jornalistas, como Jânio Quadros e Assis Chateaubriand, e primeiro bem imaterial registrado pelo Conpresp (órgão municipal de preservação do patrimônio histórico).
O Sampaio Moreira, número 340 da rua Líbero Badaró, foi tombado em 1992 e desapropriado em 2010. Desde 2012, passa por restauração, a um custo de R$ 20 milhões. Segundo a previsão, vai se transformar na sede da Secretaria Municipal de Cultura no segundo semestre de 2018.
Com obras mais avançadas, o edifício onde funcionou o hotel Othon Palace, no viaduto do Chá, deve acolher já a partir de novembro os 1.300 funcionários da Secretaria Municipal da Fazenda.
A reforma iniciada em 2015, avaliada em R$ 44,4 milhões, inclui a restauração da fachada, tombada pelo patrimônio histórico, a criação de um auditório no 25º andar e a instalação de uma sala-cofre que abrigará os dados dos contribuintes da cidade.
Inaugurado em 1954, o hotel fechou em 2008 –após ter como hóspedes a rainha Elizabeth 2ª, o então príncipe Akihito, do Japão, e o cosmonauta soviético Yuri Gagarin.
A reinauguração do edifício é uma exceção no centro. Alguns importantes hotéis da região estão hoje vazios. É o caso do Municipal (avenida São João) e do Grande Hotel Bristol (rua dos Gusmões), ambos tombados. O comércio no térreo é a única atividade nos edifícios.
Alguns hotéis que também fecharam suas portas com a decadência do centro, como o Central (avenida São João) e o Pão de Açúcar (rua Conselheiro Nébias), estão hoje ocupados por sem-teto.