Folha de S. Paulo


Banheiros públicos e transporte noturno ajudariam comércio no centro

Mesa 3

Instalação de banheiros públicos, oferta de transporte noturno e melhoria na iluminação de rua poderiam facilitar a vida de quem trabalha no centro e, com incentivos do poder público, também atrair mais negócios para a região.

"Dar ao dependente químico que está na rua a possibilidade de usar um banheiro é trazer dignidade", afirmou Facundo Guerra, dono de empreendimentos como o Mirante Nove de Julho, atrás do Masp, e o Cine Joia, na Liberdade.

Para o empresário da área de entretenimento, a falta de banheiros públicos agrava o problema estrutural de desigualdade do país. Nesse caso, a ação poderia melhorar a limpeza e até a relação, muitas vezes conflituosa, entre quem trabalha na região e as pessoas em situação de rua.

Guerra foi um dos participantes da mesa sobre geração de emprego e comércio, a última do fórum Revitalização do Centro, promovido pela Folha, com patrocínio da Porto Seguro e apoio do Sesc, do governo do Estado de São Paulo e da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

Para Guerra e Janaína Rueda, chef e proprietária do Bar da Dona Onça, que fica no Copan, a boa rede de transporte público existente no centro deveria funcionar também durante a noite, para atender trabalhadores e frequentadores que querem aproveitar os atrativos da região em horários alternativos.

Rueda, que abriu seu restaurante em 2008, afirmou que uma de suas maiores preocupações é com a segurança.

"Uma dificuldade que tenho é conseguir um tipo de segurança preparada para conversar com pedintes de rua, que muitas vezes incomodam os clientes."

A estratégia do Dona Onça foi a de distribuir alimentos em horários determinados e estar aberto para o diálogo. Dessa interação, conta Rueda, já saíram duas contratações de pessoas que viviam na rua.

"Trazer mais empresas é fundamental para a revitalização do centro. Se não houver ocupação do ponto de vista de emprego, atividade econômica e moradia, as tentativas vão continuar pontuais", afirmou Nelson Marconi, economista da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas), que fica na praça 14 Bis.

Incentivos fiscais, como redução do valor do IPTU para negócios que interessem na revitalização da região, deveriam ser considerados pela prefeitura, afirmou.

"Precisamos de uma política de governo clara com relação a isso. Deve haver um incentivo muito forte da prefeitura para usar a região como um polo de serviços e lazer."

Os debatedores apontaram ainda que as relações entre o centro a periferia da cidade não podem ser esquecidas.

"No centro temos um transporte que facilita o acesso e o diálogo com a periferia. É um lugar onde podem acontecer as grandes discussões para levar melhorias a outras regiões da cidade", declarou Rueda.


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