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Médico não pode impor tratamento de dependência, diz chefe do 'Redenção'

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Para se ter sucesso em um tratamento de dependência química, médicos precisam discutir metas com os próprios pacientes. A afirmação foi feita por Arthur Guerra, psiquiatra, presidente-executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) e coordenador do programa de combate ao crack "Redenção", da prefeitura de São Paulo, na palestra que abriu o fórum "Mudança de Hábitos e Redução de Danos à Saúde", promovido pela Folha com patrocínio da Philip Morris na manhã nesta quarta-feira (23), no teatro Unibes Cultural, em São Paulo.

"Metas como a abstinência da substância devem ser discutidas, é complicado quando o médico resolve impor algo ao paciente, e muitas vezes o desejo de quem trata não é o mesmo de quem está sendo tratado", disse o médico.

O fórum discutiu politicas de redução de danos, práticas que têm por objetivo reduzir o risco do uso de substâncias psicoativas entre os indivíduos que não querem ou não conseguem abandonar a droga.

Reinaldo Canato / Folhapress
SAO PAULO SP BRASIL - 23.08.2017 - FSP TREINAMENTO Forum Mudanca de Habitos e Reducao de Danos a Saude,realizado no Teatro Unibes Cultural,rua Oscar Freire 2500,no Sumare. Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do Centro de Informacoes sobre Saude e Alcool CISA A Folha de Sao Paulo promove o forum Mudanca de Habitos e Reducao de Danos a Saude. O evento discute praticas e politicas para reduzir os riscos a saude de pessoas que nao conseguem ou nao desejam parar de fumar ou de beber. Sobre o tabaco, um dos principais temas a serem debatidos sera a troca do cigarro por dispositivos eletronicos para fumar e se eles podem ser considerados reducao de danos. No caso das bebidas alcoolicas, sera discutida a promocao do consumo consciente e medidas para evitar o consumo por criancas e adolescentes.
Arthur Guerra, coordenador do programa de combate ao crack "Redenção", da prefeitura de São Paulo

"Essa política surgiu no mundo dentro de um contexto de guerra contra as drogas, que prega que as mesmas não devem ser usadas. Ainda que a posição de que drogas fazem mal à saúde seja muito clara, essa política não levou de fato na redução do uso na prática", disse Guerra. "Como consequência houve o aumento da criminalização e estigmatização do usuário, o que trouxe um impacto negativo em termos de saúde pública."

No Brasil, a discussão em torno da elaboração de políticas de redução de danos surgiu nos anos 80, quando houve um aumento do uso de drogas e de contaminação de doenças como hepatite e Aids, segundo Guerra.

Em 1994, o Conselho Federal de Enfermagem passou a dar apoio a essas políticas. O primeiro programa de redução de danos surgiu em Salvador, na Bahia, em 1995., quando o Observatório Baiano sobre Substâncias Psicoativas iniciou um programa de distribuição de seringas a usuários de drogas injetáveis.


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