Folha de S. Paulo


Viagens de negócios pesam mais no turismo sexual infantojuvenil

Pesquisa da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa aponta que cerca de 250 mil pessoas viajam todos os anos para o exterior para ter relações sexuais com crianças e adolescentes.

Um relatório da ONG Ecpat –que combate da exploração sexual em 86 países– diz que o número, apesar de alto, pode ser subestimado, pois não contabiliza o agressor que viaja dentro de seu país.

A subnotificação resulta também da dificuldade de denunciar quem já saiu da cidade, do Estado ou até do país onde cometeu o crime.

Para a Ecpat e a Childhood Brasil, os crimes são cometidos principalmente em deslocamentos a trabalho –motoristas ou trabalhadores de companhias aéreas, por exemplo, que pagam por relações sexuais com crianças. "É o turismo de negócios, de pessoas sozinhas, que impacta as estatísticas", diz Eva Cristina Dengler, da Childhood.

Segundo o Ministério do Turismo, há maior dificuldade de fiscalização em postos de gasolina ou pequenas hospedagens do que em hotéis.

"Por que se preocupar em passar por seguranças do hotel, se você pode ir a uma pousada na estrada ou usar um aplicativo de hospedagem?", questiona Dilson Jatahy, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.

Já o aplicativo Airbnb informa que trabalha "em conjunto com a Interpol e o Departamento de Homeland Security dos EUA", entre outros, para ajudar a capacitar seus funcionários tanto na identificação como na prevenção desses tipos de crime.

Como ainda não foi regulamentada, a empresa está hoje fora das ações do governo. "Mas já fizemos reuniões sobre o tema com a equipe no Brasil", diz Isabel Barnasque, do Ministério do Turismo.

"O segredo é replicar o modelo de hotéis nas pousadas e no Airbnb", afirma Dengler.


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