Folha de S. Paulo


Fafá de Belém emociona ao falar de prostituição infantil na Amazônia

Fafá de Belém
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A cantora Fafá de Belém, 60, emocionou a plateia ao falar sobre os casos de exploração sexual de crianças e adolescentes na Amazônia. Os relatos sobre os abusos cometidos contra as meninas em regiões do Pará, como a ilha do Marajó e a região do baixo rio Amazonas, emocionaram a plateia, que a aplaudiu de pé ao encerrar a apresentação cantando "Aprendizes da Esperança", de 1985.

A artista paraense se apresentou na tarde desta quinta (18) no Fórum Exploração Sexual Infantil, realizado pela Folha em parceria com o Instituto Liberta.

As crianças amazônicas, diz Fafá, estão expostas a violência sexual de toda sorte: dentro da própria casa, em troca de "um sanduíche ou uma roupinha melhor" ou para satisfazer desejos de políticos e autoridades.

Muitas vezes, a exploração sexual acontece com o consentimento dos pais em troca de querosene, combustível usado em motores das embarcações e geradores de energia que tem altíssimo valor na região.

Crianças exploradas pelos donos de balsas que fazem o transporte de alimentos e mercadorias pelos rios da região também são comuns.

Keiny Andrade/Folhapress
SAO PAULO - SP - 18.05.2017 - Forum Folha - EXPLORACAO SEXUAL INFANTIL - A cantora Fafa de Belem participa de debate com a jornalista Eliane Trindade.
Cantora Fafá de Belém se emociona ao falar sobre a prostituição infantil na Amazônia

"O chefe dos balseiros, o que comanda a balsa, escolhe uma das crianças porque, se der confusão, é mais fácil desovar, se livrar do corpo. E a cada uso [ato sexual] é feito um X numa folha de papel. Isso tudo em troca de mantimento, de biscoito, de um quilo de farinha, de um litro de óleo."

É um problema hereditário, diz Fafá. "A rigor, a mãe dela passou por isso, a avó também. Se ela der sorte, alguém a leva para algum lugar. O outro lugar pode ser o tráfico, como 'mula', o garimpo, a prostituição pelos rios da Amazônia."

É também um problema cultural cuja responsabilidade de denunciar e cobrar providências cabe à toda a sociedade. "Somos responsáveis pelo passado, pelo presente e pelo futuro dessas meninas. Se nós não falarmos por elas, seremos omissos", afirmou.


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