Folha de S. Paulo


Aplicativos prescrevem exercícios usando algoritmos

Danilo Verpa/Folhapress
Ana Agostini, 36, treina com a ajuda do celular
Ana Agostini, 36, treina com a ajuda do celular

Os aplicativos de exercício prometem acabar com as principais desculpas dadas por sedentários para ficar longe da academia: falta de tempo, de dinheiro e de motivação —razões citadas por aqueles que não praticam atividade física (46% dos brasileiros), segundo levantamento do Ministério do Esporte.

As novas plataformas turbinam vídeos de exercício estilo Jane Fonda com algoritmos que prescrevem séries específicas e até imitam um personal trainer —com grito na orelha e tudo.

Um dos serviços mais populares é o Freeletics, que só no Brasil tem um milhão de usuários (ou "atletas livres", como diz o aplicativo).

Ao se cadastrar, a pessoa diz quanta atividade física faz e enumera seus objetivos (perder peso, ganhar condicionamento). Depois, recebe o primeiro treino. Vídeos demonstram as posições corretas, mas o usuário executa a série por sua conta e risco.

O BTFit, aplicativo do grupo Bodytech, prescreve o exercício e emite alertas durante o treinamento, ajudando na contagem e lembrando posições certas. "A pessoa se sente apoiada, o que às vezes nem na academia acontece", afirma Flávia da Justa, diretora de TI do BTFit.

O apoio virtual foi decisivo para tirar do sofá a psicóloga Ana Agostini, 36, há dois anos. A mudança começou quando ela viu seu marido fazendo "burpees", atividade que combina pulo, agachamento e flexão. "Pensei que jamais faria isso. Era sedentária e tinha compulsão alimentar. Um dia, decidi me cadastrar no Freeletics e viciei."

Perdeu 20 quilos, disputou uma meia-maratona e corridas com obstáculos. Hoje, planeja mudar de carreira. "Quero trabalhar com isso."

Um estudo americano publicado no "Journal of Medical Internet Research", em 2015, mostrou que esses aplicativos realmente aumentam a adesão aos exercícios. "São ferramentas interessantes, indicadas para pessoas que precisam de um empurrão para vencer a inércia", afirma Marcelo Bichels Leitão, médico membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

A falta de um especialista para monitorar o treino não o assusta: "É melhor fazer uma atividade sem supervisão do que não fazer nada."

O educador físico István de Abreu Dobránszky, diretor da Faculdade de Educação Física da PUC-Campinas, discorda. Ele estudou esses aplicativos por 18 meses e aponta uma falha: nenhum avalia a postura do usuário antes de prescrever a série.

"Os exercícios devem ajudar a corrigir, não a piorar vícios posturais. Sem orientação, há risco de o problema evoluir para uma lesão", diz.

Para o fisioterapeuta Thiago Fukuda, diretor-clínico do Instituto Trata, os aplicativos são bons para quem já tem consciência corporal.

"Quem está tentando começar uma atividade do zero pode ter mais malefícios que benefícios", afirma.

Aplicativos para sair da inércia

J&J OFFICIAL 7 MINUTE WORKOUT
Treino de sete minutos criado pelo fisiologista do exercício Chris Jordan e publicado na revista do Colégio Americano de Medicina do Esporte. Disponibiliza 72 exercícios e 22 treinos, que podem ser combinados. Em inglês
site 7minuteworkout.jnj.com
quanto gratuito

8FIT
Além de oferecer treinos gratuitos com demonstração em vídeo, tem uma versão paga, que dá direito a um plano nutricional personalizado. Em inglês
site 8fit.com
quanto versão com coach, plano nutricional e acesso a todos os treinos por US$ 79,99 (R$ 250)/ano

POCKET YOGA
Disponibiliza 27 sessões de ioga, com duração de 30 a 60 minutos, do nível iniciante ao avançado. As posições são exibidas em forma de desenho animado. Também há um banco com 200 posturas, divididas por grau de dificuldade. Em inglês
site pocketyoga.com
quanto US$ 2,99 (R$ 9,36)

FREELETICS
Tem mais de 14 milhões de usuários no mundo todo. Disponibiliza três tipos de treino (com o peso do próprio corpo, na academia ou corrida). É possível acessar gratuitamente, mas só a versão paga tem coach virtual
site freeletics.com
quanto R$ 29,99/mês ou R$ 159,99/ano

BTFIT
Plataforma do grupo Bodytech, lançada em outubro de 2015. A versão gratuita dá acesso a uma aula por dia. A versão paga inclui personal trainer on-line e acesso ilimitado ao conteúdo
site bt.fit
quanto R$ 14,99/mês no Google Play e US$ 4,99 (R$ 15,62)/mês na App Store

NIKE+ TRAINING CLUB
Oferece exercícios funcionais elaborados por treinadores da Nike. As atividades são divididas em três categorias: força, resistência e mobilidade. O treino é montado de acordo com o perfil e os gostos do usuário
site nike.com.br/apps/ntc
quanto gratuito


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