Folha de S. Paulo


Confira respostas para as principais dúvidas de jovens sobre o HPV

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O HPV é um dos temas de saúde que mais mobilizam os jovens nas redes sociais, especialmente as meninas. As questões a seguir foram formuladas por adolescentes em páginas sobre o assunto do Facebook. As respostas foram supervisionadas pela pediatra Rosana Richtmann, uma das principais especialistas em HPV no Brasil.

1. "Minha amiga descobriu hoje que tá com HPV, o médico cauterizou e infelizmente ela não sabe de quem ela pegou, porque o médico disse que no lugar que ela pegou é onde encosta mesmo com camisinha. Ela tá completamente desesperada, não para de chorar e achar que é o fim do mundo." 

Calma! Não é o fim do mundo. Feita com ácido ou bisturi elétrico, a cauterização das verrugas genitais e das lesões no colo do útero é o tratamento mais eficaz dos sintomas do contágio pelo HPV. Além de "queimar" as verrugas e lesões, a cauterização estimula o sistema imunológico a combater o vírus.

É importante ressaltar a importância dos exames preventivos. Visitas regulares ao médico e, no caso da mulheres, a realização do papanicolau são armas importantes na detecção precoce da infecção pelo HPV.

De fácil transmissão, o vírus se dissemina pelo contato pele-pele e pele-mucosa. Por isso, o contágio pode ocorrer mesmo quando não há penetração, durante as preliminares ou na prática do sexo oral.

Dos cerca de 150 tipos de HPV, 40 estão na região genital. Existem áreas não cobertas pelo preservativo. Mas seu uso é importante não só para a prevenção do HPV, mas sobretudo de outras doenças sexualmente transmissíveis, como HIV, sífilis e algumas formas de hepatite.

2. "Namoro há dois anos. Usamos camisinha quase todas as vezes. Há uns meses, apareceu uma pinta nele. Tiraram a pinta, fizeram biópsia e deu HPV. Estou morrendo de medo."

Em geral, o HPV se manifesta de dois a oito meses depois do contágio. Esse prazo é uma média. Ou seja, os primeiros sinais da infecção podem aparecer antes desse período ou muito tempo depois dele. Além disso, vale ressaltar que, em geral, as contaminações pelo vírus são assintomáticas.  Se a moça ou o rapaz acha que pode estar contaminada(o), o ideal é procurar um médico.

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3. "Se a menina for vacinada, ela não pode contrair o vírus?"

A vacina disponível no Brasil protege contra quatro tipos de HPV, os subtipos 6, 11, 16 e 18. Os dois primeiros (6 e 11) estão associados 90% dos casos de verrugas genitais. Os outros, 16 e 18, a 70% dos casos de câncer de colo de útero -e a tumores malignos na orofaringe, ânus, vagina, vulva e pênis.

Em suma, a vacina quadrivalente previne a maioria das infecções pelo HPV, mas não todas. Batendo na tecla da prevenção: há uma variedade enorme do vírus e o ideal é combinar a vacina com exames para detecção precoce do contágio. Além, claro, do uso do preservativo.

4. "Transei sem camisinha com um cara porque ele me garantiu que tinha feito os exames e não tinham dado nada. Peguei HPV. Devo ligar pras pessoas com quem eu transei para avisar? 

Se a moça ou o rapaz têm vida sexual ativa e se já tiveram vários parceiros, é difícil determinar com precisão quando e como ocorreu a contaminação. O HPV pode demorar meses, até anos, para dar sinais de seu contágio.

Se a pessoa infectada tiver condições de avisar seus parceiros ou ex-parceiros sexuais sobre a contaminação, ela pode ajudar a conter a transmissão do HPV, pelo menos na sua rede de relacionamentos atuais ou passados.

5. "Meu namorado fez exame e descobriu que está com HPV. Sempre transamos com camisinha e agora que sabemos disso vou parar de fazer sexo oral nele sem camisinha. Estou meio preocupada da gente continuar transando ele estando com o vírus. Quais cuidados preciso tomar? Não tomei vacina pra HPV."

Manter relações sexuais sem o uso de preservativo com alguém que esteja contaminado é arriscado. A probabilidade de transmissão do vírus, em caso de verrugas genitais e lesões subclínicas, é de cerca de 65%. Se o vírus estiver latente, ou seja "adormecido", não há risco de contágio -e ele só é descoberto por meio de exames que avaliam ou não a presença de material genético do HPV no local da infecção.

A recomendação vale para todo mundo: use camisinha e não descuide das visitas regulares ao médico.

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6. "Acabei de descobrir que estou com HPV. Senti uma bolinha lá embaixo e fui na médica e ela me falou que é. Ainda vou fazer os exames pra confirmar, mas é 100% de certeza que é. Vou ficar pra sempre com isso?"

As verrugas genitais decorrentes da infecção pelo HPV, na maioria dos casos, são tratadas mediante a cauterização com ácido ou bisturi elétrico. A retirada dessas lesões, por si só, não garante que novas infecções ocorram. A melhor arma contra o HPV é combinar a vacina com o uso do preservativo e exames regulares preventivos.

7. "Alguém sabe onde há exames gratuitos de DST em São Paulo, especialmente de HPV?"

Os exames papanicolau e colposcopia, ideais para a detecção de lesões provocadas pelo HPV, estão disponíveis no Sistema Único de Saúde.

8. "Peguei HPV de um bosta da minha faculdade: devo falar pra ele que ele tem ou não? Ele é muito babaca comigo, tenho medo dele espalhar pra todo mundo como se ele tivesse pego de mim."

Só é possível determinar a origem da infecção pelo HPV se a pessoa infectada tiver tido apenas um parceiro sexual. Do contrário, é impossível determinar quem transmitiu o vírus para quem.

Como o HPV comumente não dá sinais de sua contaminação, as pessoas não têm como saber que são portadoras do vírus. Quando o HPV se manifesta, os primeiros sintomas costumam aparecer de dois a oito meses depois da infecção. Mas isso pode acontecer antes ou até muitos anos depois.

9. "Uma amiga disse que eu tenho que fazer um exame pra saber se o HPV pode virar câncer. Esse teste existe?"

Não existe um exame capaz de identificar quais as lesões pela contaminação pelo HPV vão ou não evoluir para câncer de colo de útero. Existem tipos de HPV mais associados a câncer. O importante é determinar o tipo de HPV que infectou a pessoa.

Lembre-se ainda de que os exames papanicolau e colposcopia podem detectar precocemente as lesões deflagradas pela infecção pelo HPV. E, com tratamento adequado, o risco de aparecer tumores malignos em decorrência daquela contaminação praticamente inexiste.

10. "Vou fazer colposcopia, mas tô morrendo de medo! Como é? Quanto tempo sem transar antes e depois."

Tanto o papanicolau quanto a colposcopia são feitos durante a consulta ginecológica. Algumas mulheres relatam um pouco de desconforto durante os procedimentos. Nada além disso.

O papanicolau consiste na raspagem da parede uterina para a coleta de células, que serão submetidas a análise. Quando o papanicolau indica resultados anormais ou duvidosos, é feita a colposcopia. Nesse caso, o colo uterino é observado em um aparelho (o colposcópio) que aumenta em até 40 vezes o poder de visão do médico.

Lesões suspeitas devem ser submetidas a biópsias que podem confirmar a presença de alterações celulares indicativas de infecção pelo HPV.

O preparo para ambos é o mesmo. As principais recomendações são:

O ideal é que os exames sejam feitos entre o 10º e o 20º dia do ciclo menstrual. A paciente não pode estar menstruada.

Dois dias antes, ela deve evitar piscina e banheiras, tampões, desodorantes, duchas, cremes e medicamentos vaginais.

Por dois dias também, ela deve se abster de relações sexuais

11) "É possível pegar HPV usando calcinha emprestada de uma amiga?"

Embora haja relatos na literatura médica de contaminações pelo HPV pelo contato com toalhas, roupas íntimas e até pelo vaso sanitário, elas são raríssimas. Indubitavelmente, o contágio do vírus ocorre pelo contato da pele, especialmente da região genital.


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