Folha de S. Paulo


Fonte de gases de efeito estufa, carvão mineral briga por espaço no mercado

No bastidor do debate sobre mudança climática, uma disputa pelo mercado de energia se acirra. Ao mesmo tempo em que países assumem compromisso de limpar a matriz energética, a indústria do carvão tenta não perder seu espaço.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, a potência instalada a carvão mineral não terá acréscimos no Sistema Interligado Nacional e deve ficar assim por 15 anos.

Mas tudo pode mudar a partir de 2045. "Quando o planejamento energético amplia o horizonte de estudos para 30, 40 anos, as possibilidades de entrada de potência a carvão aumentam, mas de forma moderada e com controle de emissões de dióxido de carbono", explica o ministério.

A Associação Brasileira do Carvão Mineral se prepara para o embate. "Não é uma briga pelo clima, é uma briga de mercado", afirma Fernando Zancan, presidente do órgão.

Atualmente, o carvão, fonte mais potente de emissão de gases de efeito estufa, produz 41% da eletricidade no globo, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA). No Brasil, é responsável por 4,5% da matriz elétrica.

Zancan diz que o setor queria trocar 1.400 megawatts de usinas velhas por novas e que o governo faria leilão para comprar a energia. A iniciativa privada bancaria o valor estimado da troca, US$ 5 bi.

"É um investimento muito alto, que pode ser feito em outras fontes", rebate Márcio Astrini, do Greenpeace.

Para José Luz Silveira, da Unesp, que estuda novas fontes renováveis, o país não pode abrir mão do carvão. "É preciso planejamento integrado, com uso de tecnologia."

"O lobby é muito forte", diz Teresinha Maria Gonçalves, da Universidade do Extremo Sul Catarinense. "Essa indústria já tinha que ter acabado há tempos. Os danos ambientais foram muito grandes para poucos ganhos coletivos."


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