Folha de S. Paulo


Para especialistas, problema na saúde não é custo, mas gestão ineficiente

Reduzir ou "congelar" o orçamento para saúde pode não ser uma tragédia se isso significar uma melhor gestão dos recursos, dizem economistas brasileiros ouvidos pela reportagem.

Paulo Roberto Feldmann, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP e vice-coordenador do programa Prosaude da instituição, considera o gasto com saúde no Brasil alto.

"E pela qualidade oferecida, altíssimo. Daria para cortar gastos. Se acabar a corrupção e o desperdício, cai de 10% para 7%", diz.

A má gestão, não apenas na saúde mas também em vários outros setores da economia, criou um cenário em que não é mais possível escapar da redução de gastos, segundo Silvio Laban, coordenador do MBA executivo em gestão de saúde do Insper, em São Paulo.

"Chegamos a uma situação no Brasil em que temos que cortar tudo. Mas é preciso pensar que tipo de saúde queremos e o tamanho dos cortes que precisam ser feitos", diz Laban.

Para ele, é fundamental que se resolva o problema da gestão. "Ter dinheiro não significa necessariamente ter eficácia."

O preço da judicialização, o desperdício de dinheiro em exames e procedimentos desnecessários e os altos custos das novas tecnologias são exemplos de problemas que aumentam os gastos com saúde que poderiam ser cortados sem prejuízo à saúde da população.

"E também não está totalmente descartada a hipótese de serem gerados outros tributos (como a CPMF) para produzir fontes que possam minimizar o impacto dos cortes", afirma.


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