Folha de S. Paulo


Especialistas defendem mudanças no SUS em primeiro dia de fórum

É preciso repensar o tamanho do SUS e discutir o rol de serviços inclusos no sistema público de saúde. Essa é a opinião de especialistas que participaram do primeiro dia do 3º Fórum a Saúde do Brasil, promovido pela Folha, Interfarma e Unimed.

Com o tema saúde em tempo de recessão, o fórum teve a participação de 11 especialistas, em três mesas, no Tucarena, auditório da PUC-SP.

na abertura do evento, o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, defendeu que durante a crise é preciso fortalecer o SUS, não o contrário.

"Gasto com SUS é investimento. O retorno do PIB é de uma vez e meia daquilo que é investido", afirmou.

A declaração de Padilha, ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff, soou como uma resposta à afirmação do atual ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), que em maio defendeu que o tamanho do SUS precisa ser revisto. No dia seguinte, Barros recuou e afirmou que o tamanho do sistema não será alterado.

"O SUS precisa ser integral, o que a gente tem que discutir é o rol de serviços oferecidos", disse Lenir Santos, secretária de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, durante mesa que discutiu o modelo do sistema de saúde.

O presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, Stênio Miranda, que participou da mesma mesa, também defendeu uma melhor definição na área de atuação do SUS. Já Antônio Britto, presidente-executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, questionou o conceito de integralidade defendido pela secretária.

"Quem não entrega a integralidade é o próprio SUS, por falta de recursos. O sistema que serviu para um país de 25 anos atrás não serve para hoje", disse.

O professor do Instituto de Economia da Unicamp Geraldo Biasoto Jr. disse que é um "milagre absoluto" o SUS funcionar com os recursos que tem.

Em outra mesa, especialistas defenderam um sistema de saúde mais integrado e menos fragmentado em especialidades.

Eugênio Vilaça Mendes, consultor internacional na área de saúde pública, afirmou que o sistema atual não responde às necessidades da população.

Para Gustavo Gusso, professor de clínica geral da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o problema no atendimento inicial dos pacientes não está na falta de médicos, mas sim na má distribuição por especialidade e região do país.

"Ninguém quer ser médico de família, todo mundo quer ser cirurgião plástico", disse Gusso.

TRANSPARÊNCIA

O Fórum também discutiu a sustentabilidade dos planos de saúde. Segundo os especialistas,falta transparência no sistema.

O coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, Paulo Furquim destacou que hoje o usuário não consegue saber se um hospital é melhor do que o outro. Para Mauricio Ceschin, presidente da Gama Saúde, do Grupo Qualicorp, o sistema melhorará se mudar o modelo de remuneração no sistema.

O evento seguirá nesta quarta (15), com abertura do secretário estadual de Saúde de São Paulo, David Uip. Confira a programação completa.


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