Folha de S. Paulo


Brasil aumenta número de médicos, mas distribuição continua desigual

O Brasil nunca viveu uma expansão de médicos como atualmente, com novas vagas em escolas de medicina e vinda de estrangeiros pelo Mais Médicos. A distribuição, porém, permanece desigual pelo território.

A média nacional, de dois médicos por mil habitantes, contrasta com locais como Maranhão, Pará e Amapá, que não mantêm um profissional para cada grupo de mil, diz a Demografia Médica no Brasil 2013, do CFM (Conselho Federal de Medicina).

Baixa remuneração e falta de condições de trabalho, aliadas a qualidade de vida dos grandes centros, explicam a concentração de profissionais, dizem especialistas.

O país reúne hoje 430 mil médicos, segundo o CFM (o Ministério da Saúde estima pouco mais de 400 mil). Nos anos 90, eram 219 mil profissionais. A pasta prevê chegar a 600 mil médicos em 2026 através da criação de mais vagas em cursos de medicina e nas residências. Assim o país alcançaria a marca de 2,7 profissionais para cada mil habitantes.

No país, o Maranhão apresenta a pior proporção de médicos no país- 0,71 a cada mil habitantes. Para reverter o quadro, o governo Flávio Dino (PC do B) traçou metas até "sonhadoras", admite o secretário estadual da Saúde, Marcos Pacheco.

Editoria de Arte/Folhapress

O objetivo é dobrar o número de hospitais de grande porte (atualmente são quatro), de centros de apoio ao diagnóstico espalhados pelo Estado (são 12) e ampliar as vagas na universidade estadual.

Em Roraima, com o menor número absoluto de médicos -cerca de 900-, os municípios têm dificuldade para pagar em dia. "O prefeito não paga dois, três meses e o profissional desiste", diz o secretário-adjunto da pasta, César Penna.

Se o Mais Médicos conseguiu levar profissionais para áreas remotas do Norte e Nordeste, o desafio agora é a carência de especialistas, diz Wilson Alecrim, presidente do Conass, entidade que reúne secretários da saúde dos Estados e chefe da pasta no Amazonas.

"É a hora do segundo passo. O profissional do Mais Médicos consulta, mas, em muitos casos, o paciente tem de ser referenciado para o especialista", afirma ele.

QUALIDADE

A expansão de vagas na formação médica é vista com preocupação pelas entidades médicas. "É excessiva a formação médica que o governo federal está propondo", afirma o presidente do CFM, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima. "São abertas escolas sem condições de ensino e com dificuldade de docência e de infraestrutura", completa.

Segundo o Ministério da Saúde, o número de vagas em medicina, atualmente de 0,8 por dez mil habitantes, é muito baixo. "Posso assegurar que não tem uma expansão de vagas além da necessidade", afirma Hêider Aurélio Pinto, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde da pasta.


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