Folha de S. Paulo


Em primeiro dia de Fórum, ministro da Saúde diz que área é subfinanciada

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, admitiu na abertura do 2º Fórum a Saúde do Brasil que o poder público ampliou os repasses para a área, mas que a situação ainda é de subfinanciamento.

O Fórum, promovido pela Folha, teve início nessa segunda (11), no Museu da Imagem e do Som, com 280 presentes. Ao todo, 25 especialistas de saúde, do setor público e do setor privado, participam dos dois dias do evento.

Sobre a dengue, o ministro confirmou que não vai haver vacina no curto prazo. A respeito do Mais Médicos, disse que hoje o programa atinge 63 milhões de brasileiros e deve ser ampliado.

Florisval Meinão, presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), respondeu, no debate sobre a falta de médicos e de planejamento, que 40% dos municípios em que o programa foi implementado registraram uma queda no número de consultas.

Já Pedro Ramos, diretor da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), falou sobre o combate ao desperdício de recursos, especialmente em casos como o da máfia das próteses.

Francisco Balestrin, presidente do conselho de administração da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), frisou que o desperdício da verba para a saúde não é causado só pela corrupção, mas também pela gestão ineficiente. Eudes Aquino, presidente da Unimed Brasil, defendeu as parcerias público-privadas como um dos caminhos para melhorar o atendimento à saúde.

Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), disse que é "bobagem" questionar a existência do SUS, mas criticou a "posição medíocre" do país na área de inovação e a oposição entre a universidade e a iniciativa privada.

Sobre o meio acadêmico, Paulo Hoff, diretor-geral do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), afirmou que há um estímulo para a publicação de artigos científicos, mas não há o mesmo empenho para incentivar os pesquisadores a gerar novas patentes, o que é um obstáculo para a inovação.

Segundo Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, nos últimos anos o Brasil criou uma série de incentivos à inovação, mas não diminuiu os enormes obstáculos para as empresas fazerem pesquisa.

Apesar disso, Jarbas Barbosa, secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, disse que a Anvisa tem tomado medidas para aperfeiçoar o ambiente de testes para novos medicamentos. Para Carlos Goulart, presidente-executivo da Abimed (Associação Brasileira da Indústria Médica), o país tem condições de avançar na criação de novas drogas, mas precisa investir mais em pesquisa privada.

A crença de que a melhor forma de cuidar da saúde é usar a tecnologia foi apontada como uma das causas importantes do alto custo da saúde no Brasil por Martha Oliveira, diretora-presidente substituta da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

A meta do Ministério da Saúde é ter, até 2016, 18.247 médicos atendendo em todo o país pelo programa Mais Médicos. Para Milton Martins, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o número de médicos de que o Brasil necessita depende do modelo de sistema de saúde.

Mário Dal Poz, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, disse que investir em formação também não é suficiente para lidar com os problemas de curto prazo do sistema de saúde nacional. O superintendente do Hospital Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto, afirmou que todos os países que conseguem ter um bom sistema de saúde tem outros bons sistemas que lhe dão apoio.

O evento seguirá nesta terça (12), com abertura do secretário estadual de Saúde de São Paulo, David Uip. Confira a programação completa.


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