Folha de S. Paulo


Desmatamento em queda é história de sucesso, diz estudo

Nada como o distanciamento no tempo e no espaço para constatar que o país não vai tão mal quanto muitos brasileiros querem acreditar. Se uma ONG progressista estrangeira faz elogios rasgados ao Brasil –não pela redução da pobreza, mas do desmatamento–, é recomendável prestar atenção, talvez até comemorar.

A organização se chama União de Cientistas Comprometidos (tradução livre para Union of Concerned Scientists, UCS). Eles se propõem a empregar informação científica sólida, publicada sob a revisão de especialistas, para lançar estudos sobre temas de interesse público.

A UCS divulga nesta quinta-feira (5/6) o relatório "Histórias de Sucesso no Âmbito do Desmatamento", ao qual a Folha teve acesso com exclusividade. Ele destaca o Brasil como líder no único grande feito das últimas décadas no combate à mudança do clima: a queda de 19% nas emissões de gases do efeito estufa causadas pela derrubada de florestas tropicais.

Lalo de Almeida/Folhapress
Desmatamento na região de Alta Floresta, Mato Grosso
Desmatamento na região de Alta Floresta, Mato Grosso

Nos anos 1990, desmatavam-se no mundo, em média, 16 milhões de hectares por ano (ou 160 mil km², área maior que a do Estado do Ceará, 149 mil km²). Na década de 2000, essa taxa caiu para 13 milhões de hectares. Com isso, a participação do desmatamento tropical no total de gases-estufa emitidos encolheu de 17% para 10%.

"Não há dúvida de que o Brasil é a nação que mais fez [para reduzir as emissões]", assinala o relatório. "A velocidade da mudança, em apenas uma década [...] é impressionante."

Outros 16 países aparecem no relatório como casos de sucesso, como Costa Rica, Guiana, Índia, México, Quênia e Vietnã.

O trabalho estima que a redução obtida pelo Brasil, graças ao corte na taxa de desmatamento, tenha sido de um terço, algo da ordem de 1 bilhão de toneladas de carbono-equivalente por ano (tCO2eq/ano). Como as emissões aumentaram em outros setores da economia, como o energético, sobrou um ganho um pouco menor, 750 milhões de tCO2eq/ano.

Para comparação: o Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (Seeg), da ONG Observatório do Clima, calcula que em 2012 o total de gases-estufa lançados pelo Brasil na atmosfera foi de 1,48 bilhão de tCO2eq/ano. A menor emissão em duas décadas.

Editoria de Arte/Folhapress

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