Folha de S. Paulo


Energia e água dominam debate ambiental em seminário da Folha

Segurança energética e segurança hídrica se sobressaíram nas discussões do Fórum Sustentabilidade, da Folha, segunda e terça-feiras no MIS (Museu da Imagem e do Som). Como seria de imaginar, dada a ansiedade que têm levado a brasileiros e paulistanos.

Anos atrás, um seminário sobre problemas ambientais se debruçaria sobre o desmatamento, mas o cenário mudou. Como revelou pesquisa Datafolha com paulistanos, poluição, hoje, é o maior problema do país e da cidade.

No debate sobre água, houve consenso quanto a abandonar a "cultura da abundância" a que se referiu Stela Goldenstein, da Associação Águas Claras do Pinheiros.

Gesner Oliveira, da FGV-SP, apontou o vergonhoso nível de coleta e tratamento de esgotos, a "tragédia do saneamento". Ele mostrou como, pelo nível de renda, o Brasil deveria ter taxa de tratamento bem acima dos 38,7% atuais.

O debate sobre fontes de energia também teve notável dose de convergência entre Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Jerson Kelman, ex-diretor da ANA e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), e Nivalde de Castro, da UFRJ.

Jorge Araujo/Folhapress
Márcio Zimmermann, Nivalde de Castro, Marcelo Leite e Jerson Kelman debatem fontes energéticas
Márcio Zimmermann, Nivalde de Castro, Marcelo Leite e Jerson Kelman debatem fontes energéticas

Todos defenderam a hidreletricidade como âncora da matriz energética brasileira, uma das mais limpas do mundo, e o papel complementar da energia dos ventos e do bagaço de cana. Só divergiram sobre grandes represas na Amazônia, que Kelman defendeu e Zimmermann avaliou como em geral inviáveis, dada a topografia plana.

Desmatamento e Código Florestal estiveram na pauta do seminário com apresentações divergentes de Kátia Abreu, senadora (PMDB-TO), líder ruralista e colunista da Folha, e João Paulo Capobianco, ex-secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente. Ambos, contudo, destacaram a pujança do setor agropecuário e seu papel na manutenção da redução das taxas de destruição.

Os cortes no desmatamento derrubaram as emissões brasileiras que agravam o efeito estufa. Embora o aquecimento global tenha sido questionado pelo meteorologista Luiz Carlos Molion, a adaptação às suas consequências previsíveis já se acha em curso em vários países desenvolvidos, ressalvou Carlos Nobre, do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Conclusão do seminário: é hora de superar a dicotomia preservação X desenvolvimento. E, como disse a ex-ministra Marina Silva, de fazer da sustentabilidade mais que um enfeite na proa dos programas de governo e pô-la como o motor de popa do debate político.


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