Folha de S. Paulo


Radiografia da saúde no país mostra regiões africanas e europeias

O panorama da saúde no Brasil se caracteriza pela existência de regiões "africanas" e "europeias", quando se trata da distribuição de médicos.

Em Estados como o Maranhão e o Pará, o total de médicos por mil habitantes é inferior a 1 -índice similar ao de países como a África do Sul (0,76, segundo a Organização Mundial da Saúde).

Já nos casos de Rio de Janeiro e Distrito Federal, a proporção é superior a 3 médicos por mil habitantes, maior que a dos Estados Unidos (2,42) e parecida com as europeias.

Além da desigualdade no acesso à medicina, os dados revelam grande alta no número de usuários dos planos privados de saúde e, desde 2010, queda no total de leitos oferecidos pelo setor público.

Editoria de Arte/Folhapress

Embora os gastos públicos com saúde (como percentual do PIB brasileiro) tenham crescido desde 1995, eles continuam inferiores aos investimentos do setor privado. É um padrão oposto ao de países como Reino Unido e Canadá, que também contam com sistemas de saúde de acesso universal, como o SUS (Sistema Único de Saúde), fruto da Constituição de 1988.

As estatísticas mostram ainda que as cirurgias continuam sendo o maior gargalo do SUS: enquanto o número de consultas pelo sistema público subiu 44% no intervalo de 13 anos, o de operações permaneceu estagnado.

Um dos grandes problemas é a remuneração inadequada dos médicos pelo SUS e pelos convênios privados -máximo de 27% e 67%, respectivamente, do recomendado pelas associações de classe.

O maior destaque positivo é a queda da mortalidade infantil brasileira desde os anos 1990 (67,5%), o que indica melhora na atenção básica.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: