Folha de S. Paulo


'Classificação de gênero musical é preocupação de rádios e lojas', diz cantor americano

Em 2010, o cantor norte-americano Mayer Hawthorne se destacou no cenário musical como um dos representantes da nova geração do soul, impulsionada por Amy Winehouse (1983-2011).

Neste ano, com o CD recém-lançado "Where Does This Door Go" ("Onde Esta Porta Vai Dar", em tradução livre), o músico se afasta um pouco do gênero e se aproxima da nova onda de som inclassificável, que mistura ritmos como pop e música eletrônica. Leia, a seguir, entrevista com o artista, que toca no Cine Joia na quinta (12).

Divulgação
Mayer Hawthorne faz show no Cine Joia
O cantor norte-americano Mayer Hawthorne faz show do novo disco "Where Does This Door Go", no Cine Joia, na quinta (12)

sãopaulo - Se fosse real, onde esta porta daria?
Mayer Hawthorne - No Rio de Janeiro [risos]... Eu espero! É onde eu queria estar. Mas o nome do disco é uma referência à forma como ele foi feito e ao lugar em que eu estou na minha carreira.

Além de não ter produzido o CD todo, como você sempre faz, qual a principal diferença dele?
Não houve regras no processo de produção do álbum. A única era que eu tinha que me divertir. [O disco] não é só Motown. É rock, bossa nova, Frank Sinatra, Bob Marley, música eletrônica, tudo misturado. É, com certeza, uma versão mais acurada do que eu sou.

Hoje escutamos uma música meio "internacional", que mistura rap, pop e eletrônico. O que acha dessa onda?
Quem se preocupa com a classificação são rádios e lojas de discos. Quando olho no iPod dos meus amigos, eles têm tudo lá, não um estilo só. Acho que as divisões estão ficando cada vez menores. É o que está rolando agora, e o meu álbum é um bom exemplo. As pessoas querem experimentar de tudo.

Eu li em uma entrevista que um dos primeiros produtores que você procurou, Rodney Jerkins, disse que você deveria começar o disco todo de novo, que não deveria sete acordes em nenhuma música, porque ficaria muito "jazzy". É isso mesmo? Que fim deu isso?
Essa história é verdadeira (risos). Eu não gostei da filosofia dele e acabamos não trabalhando juntos. Eu fiz questão de usar o recurso. Estava determinado a provar que ele estava errado (risos). E fiquei feliz com o resultado, senão não teria lançado.

Você disse uma vez em uma entrevista para a Folha que tem "músicos negros dentro de você"? Quais são as suas referências?
Eu disse isso? Bom, músicos negros são mesmo uma grande influência em mim. Escutei muito enquanto estava crescendo. Mas músicos asiáticos também, brancos, outros de música eletrônica...

Da outra vez que você veio aqui acabou indo a uma festa de hip hop que gostou muito. Tem planos para esta visita?
Não, não tenho. Mas eu sou bastante espontâneo e tenho certeza que vou encontrar algo legal para fazer.

Você conhece rappers brasileiros?
Eu tenho uma vasta coleção de vinis brasileiros... Gilberto Gil, MPB4.... mas rappers eu não conheço. Talvez eu possa aprender sobre eles. Eu sei que é um ritmo bastante popular por aí.

Você está sempre bem vestido e tem um estilo peculiar. Você que escolhe suas roupas?
Eu sempre estou interessado em moda. Eu até tenho um stylist em Los Angeles que me ajuda, mas, muitas vezes, eu mesmo que dou uma estilizada. Minha tia Irene foi minha inspiração inicial. Ela dizia que você devia ser você mesmo. Você não deveria tentar ser outra pessoa. Obviamente, é difícil estar diferente de todo mundo sempre. Mas você deve tentar lembrar quem você é e incorporar as coisas do seu jeito.

Cine Joia. Pça. Carlos Gomes, 82, Sé, centro, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3101-1305. 1.300 pessoas. Qui. (12): 23h. 100 min. 16 anos. Ingr.: R$ 90 a R$ 180. Valet (R$ 25). Ingr. p/ www.cinejoia.tv/ingressos.


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