Folha de S. Paulo


Livro sobre grafite em SP reúne imagens que foram apagadas nos últimos 8 anos

O fotógrafo Ricardo Czapski, 45, estava a caminho do dentista quando clicou um varal de roupas pintado num muro. Uma semana depois, no retorno da consulta, encontrou um borrão branco no lugar da ilustração. Clicou de novo.

"É sempre assim", diz. "O artista faz o desenho, ele fica ali um tempo e a prefeitura cobre de branco."

A boa nova é que parte desses "grafites fantasmas" está de volta graças ao recém-lançado "Graffiti SP" (R$ 59). O livro reúne fotos de obras de 80 artistas de rua, captadas entre 2005 e 2013 em vários bairros de São Paulo.

Entre os autores, figuras conhecidas como Crânio, Speto, Chivitz, Paulo Ito, Mundano, Marina Zumi e Magrela.

Segundo o fotógrafo, a avenida Sumaré, em Perdizes (zona oeste), é um dos lugares onde mais imagens são apagadas na cidade.

"Um muro dali já mudou de grafite umas cinco ou seis vezes", diz.

Alguns desses casos resultam em estranhas "mutações".

"No livro tem um polvo grafitado na Vila Madalena, fotografado em 2009. Hoje, quem passa lá vê um caramujo."

CÓDIGO DE ÉTICA

Neto de Wolfgang Pfeiffer, curador do MAC-USP nos anos 70 e 80, Czapski diz que existe um "código de ética muito sério" entre os grafiteiros.

"Quando um artista pinta em cima do do outro é porque tem autorização. O 'pau come' se alguém destrói o trabalho alheio", diz.

Para o fotógrafo, a maior dificuldade é com os pichadores, "que não respeitam muito".

"Os grafiteiros são uma comunidade pequena, todo mundo se conhece e se respeita. Os caras nao ganham nada para pintar rua. Pelo contrario, eles gastam com tinta e transporte."

Quem ficar curioso não precisa ir até a livraria. Como os próprios grafites, visíveis a qualquer um que passar na rua, a publicação tem download gratuito pelo site www.graffitisaopaulo.com.br.


Endereço da página:

Links no texto: