Folha de S. Paulo


Chef libanês ficou famoso com o 'cuscuz da Jade', inspirado em novela

O chef libanês Stephan Kawijian, 42, já trabalhou em banco, vendeu carros e foi especialista em pedras preciosas. Hoje ele é o dono, além de cozinheiro, do restaurante de comida árabe Sainte Marie, que foi vencedor na categoria esfirra do O Melhor de sãopaulo - Delícias & Guloseimas 2013.

É a figura de bigodes alongados que você vai encontrar caso visite a casa localizada no Jardim Taboão, na zona sul de São Paulo. Sua trajetória é tão pitoresca quanto o seu estabelecimento.

Stephan nasceu no Líbano em 1970, mas logo teve de se mudar com a família para a Líbia. No dia de folga, costumava ajudar o pai na cozinha. "Meu pai comprava uma peça de cordeiro na quinta à noite e os filhos preparavam os cortes da carne", relembra o chef. Havia três tipos básicos: a carne para moer, para cozinhar e para grelhar.

Enquanto um dos irmãos triturava a carne, outro recheava o charuto. Era comum na época eles roubarem os charutos que a avó preparava, antes mesmo de estarem cozidos. Stephan recorda o gosto: "As folhas de uva cruas e enroladas ficavam crocantes, pareciam um temaki".

Depois de morar um ano na Itália, ele aportou no Brasil em fevereiro de 1987. Achou que fosse encontrar pessoas andando de terno branco, Ray Ban vermelho e chapéu, "como se fosse Cuba". Foi morar na casa da avó, em Santana, que já estava no país havia dois anos.

Foi vizinho do cantor Sérgio Reis. "Dava para ouvir os filhos dele fazendo covers da banda The Cure". A língua foi um empecilho no início, sabia de cor apenas uma canção em português. Aprimorou os ouvidos vendo novelas como "Que Rei Sou Eu?" e "Rainha da Sucata".

Depois de deixar o emprego no banco, em 1997, teve de começar a cozinhar para outras pessoas. Rapidamente, seu cuscuz marroquino tornou-se famoso. Preparado com carne de cordeiro, legumes, uvas passas e cebola caramelizada, foi batizado de "cuscuz da Jade" por causa da novela "O Clone".

"Eu tinha jantar toda noite". Em uma delas, ele reencontrou os donos do Empório Santa Maria, que passaram a vender pratos com a assinatura de Stephan. O negócio cresceu e, em 2006, ele e a mulher abriram um local para preparar as próprias receitas. No início, funcionava apenas como empório, mas em pouco tempo virou restaurante. O nome Sainte Marie é uma homenagem aos donos do Santa Maria.

O famoso cuscuz marroquino do Stephan não está no cardápio, mas ele ainda prepara o prato de vez em quando. Apesar de ocupar toda a semana no trabalho, ele encontra tempo no domingo para ir à missa e ver os jogos do Corinthians.


Endereço da página:

Links no texto: