Folha de S. Paulo


Chega às livrarias a biografia de Fasano, que consolidou uma dinastia gastronômica em SP

Fabrizio Fasano, 78, anda lentamente pelo lobby do hotel que carrega seu sobrenome, não por acaso na rua Vittorio Fasano, nos Jardins.

Nascido em Milão, ele era um homem à moda "Grande Gatsby" para São Paulo. Promovia festas para 700 pessoas em seu casarão no Morumbi, nos anos 1970. Em um dos restaurante da família, recebeu um beijo de cinema de Jane Russell, que fez "Os Homens Preferem as Loiras" com Marilyn Monroe. E na frente da própria mulher!

"Esfriei... enraiveci", revela hoje Daisy, enquanto o marido põe panos quentes: "Jane tinha uns seios lindos, mas não era muito bonita de rosto".

Essa e outras histórias são narradas por Ignácio de Loyola Brandão em "Fabrizio Fasano - Colecionador de Sonhos" (LeYa, 2013), previsto para chegar às livrarias nesta semana.

Longe da polêmica das biografias não autorizadas, o autor não teve problemas com a obra, encomendada por Andrea, filha do biografado.

Brandão conta a trajetória do personagem que consolidou uma dinastia gastronômica, a partir do primeiro restaurante Fasano, criado por Vittorio, avô de Fabrizio, no início do século 20.

HISTÓRIA REAL

Os 22 capítulos são baseados na memória dos familiares --e na do próprio autor. "Conheço Fabrizio há 40 anos. Quando ele fundou a Editora Três, com Luis Carta e Domingo Alzugaray, fui chamado para trabalhar lá."

O Fabrizio que hoje se queixa da lentidão tinha dificuldade em ficar parado. Ganhou "US$ 5 milhões num cheque só" (equivalente a US$ 26 milhões hoje) 40 anos atrás, ao vender a marca de bebida Old Eight a uma multinacional ("o bom uísque se conhece no dia seguinte", dizia o slogan). Comemorou alugando dez suítes num hotel em NY.

Recebeu a sãopaulo no restaurante Nonno Ruggero, no primeiro andar do hotel de luxo concebido com o filho Rogério Fasano. Comeu uma "massinha" com molho à bolonhesa enquanto resgatava lembranças antigas.

Como o dia em que convenceu sua empregada negra a lhe dar um aperto de mão, nos Estados Unidos pré-Martin Luther King, na década de 1950.

Ou quando levava atrações internacionais, como Nat King Cole, ao badalado Jardim de Inverno Fasano, misto de restaurante e bar na avenida Paulista dos anos 1950 e 1960 --às vezes, partia com as estrelas para estender a noite em boates paulistanas.

Fabrizio diz não colecionar mais sonhos. "Não preciso conquistar mais nada. Com quase 80, já fiz tudo o que precisava. E muita besteira também."


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