Folha de S. Paulo


Decadência da r. Augusta levou "pessoal chique" ao Iguatemi, diz empresária

Há 46 anos, Dolores Gonzales, 68, vai todos os dias ao shopping Iguatemi, na zona oeste. Dona da Sinhá, grife de moda feminina com uma filial no Pátio Higienópolis, ela tem loja ali desde novembro de 1966, quando uma festa discreta com políticos e membros da alta sociedade marcou a inauguração do primeiro shopping center do país.

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sãopaulo - Por que decidiu abrir uma loja no shopping Iguatemi?
Dolores Gonzales - Naquela época, me achavam louca de ir pra shopping. Ninguém sabia no que aquela história ia dar, era tudo muito novo, mas confiei nos conselhos de um amigo visionário que acreditava naquele projeto. Deu certo.

Como foram os primeiros anos?
Difíceis. O sucesso ainda era a rua Augusta, onde estavam as lojas chiques, os consumidores de maior poder aquisitivo e a badalação. No início, o Iguatemi atraía o mesmo público da rua Augusta, menos os hippies. Nos dois primeiros anos, porém, o movimento ali era baixo. As pessoas preferiam comprar ao ar livre, ninguém entendia a lógica do shopping ainda.

Quando isso começou a mudar?
Cerca de dois anos depois [da inauguração do shopping], a rua Augusta entrou em decadência, e o pessoal mais chique veio pra cá. Já em 1969, o movimento melhorou e o shopping começou a cair no gosto das pessoas.

Como era o público na época?
Muitos recém-casados, alguns com crianças.

O que mudou nesses anos todos?
O público se diversificou, mas o Iguatemi ainda tem uma clientela fiel. Quando abre algum shopping novo, eu percebo uma debandada, mas logo as pessoas voltam. É aqui que elas estão acostumadas a comprar, a passear.


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