Folha de S. Paulo


Comerciantes vizinhos comemoram reabertura do Bahamas

Faz oito dias que o Hotel Club Bahamas reabriu em Moema. O período foi suficiente para fazer um sorriso retornar ao rosto de Manoel Armírio, 68.

Não que o dono de restaurante frequente a balada, que cobra R$ 200 de entrada para homens e oferece 33 quartos para os festeiros usarem com garotas que circulam pelo local.

Armírio é dono do Vem Kent's, restaurante a quilo a dois quarteirões da casa noturna. "O movimento aumentou muito na hora do almoço", diz ele. É que a casa noturna abre à tarde, e as trabalhadoras passam lá antes de pegar no batente. "E dá para ver que eram as meninas, que não vinham aqui há muito tempo."

Foram quase oito anos de Bahamas interditado, primeiro por acusação de favorecimento e exploração de casa de prostituição e depois porque o estabelecimento estaria na chamada "zona de ruído", próxima ao aeroporto de Congonhas.

"Mas acabou esse período horrível", diz o empresário Oscar Maroni, dono do lugar. E a bonança vem chegando para todos, garante ele.

"As meninas chegam a tirar R$ 30 mil por mês aqui", afirma Maroni, inocentado em abril deste ano.

Uma parte do dinheiro é deixada nos estabelecimentos próximos. "Coisa de primeira necessidade: comida, cabeleireiro e calcinha", ri Stella, uma das meninas que paga R$ 30 por noite para entrar no clube e embolsa de R$ 500 a R$ 700 por programa.

UNIFORME

Uma das maiores beneficiárias da volta do Bahamas é Cris. A vendedora, que pede para não ter o sobrenome publicado, é a fornecedora de camisolas, bustiês, corseletes e calcinhas de uma marca francesa, a única permitida às trabalhadoras do Bahamas, segundo Maroni.

"As garotas só podem circular pela boate de lingerie, biquíni ou "habilée" (com roupa provocativa)", diz o empresário. Por isso, Cris leva sua mala três vezes por semana para o vestiário da casa.

Uma combinação de sutiã e calcinha custa até R$ 500 nas mãos da negociante. "O preço não é barato, não. Mas faz toda a diferença estar sexy andando por aqui", diz Marina, garota de programa vestindo cinta-liga preta, sutiã e saltos.

Outro mercado forte é o do empetecamento. O salão Vivian Beauty, a dois quarteirões do Bahamas, já abriu até um sistema de crédito para as profissionais do sexo. "Elas vêm, fazem cabelo, maquiagem, depilação e pagam tudo só no fim do mês", conta a dona, Vivian Mariamer. "E pagam em dia, viu?"

O salão Chez Jolye também comemora a volta do negócio ao mercado. "Todas fazem o cabelo. Não todas com a gente, mas pelo menos a metade", diz Cida, gerente. "O bairro ficou mais vivo desde a semana passada."


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