Folha de S. Paulo


Edifício Copan terá museu em homenagem a Niemeyer; aluguel subiu mais de 30%

Oscar Niemeyer estará no céu. Ou muito perto dele: um museu em homenagem ao arquiteto, morto em 2012, aos 104 anos, deve em breve ocupar a cobertura do Copan, uma de suas principais obras.

Bisneto do arquiteto e diretor da Fundação Niemeyer, Carlos Niemeyer, 45, confirma o interesse em ter o espaço, que funcionaria como uma espécie de sucursal da instituição, sediada no Rio de Janeiro. Segundo ele, faltam apenas trâmites legais para o projeto se tornar realidade.

O plano é ter um acervo digital de plantas, projetos e croquis do homem que projetou Brasília. "Aberto a todo o público, como tem de ser."

Além de ceder 1.800 m² de seu andar mais alto, a cem metros do chão da República, o Copan também contribuirá com o acervo. "Temos 1.189 pranchas originais, depositadas na FAU-USP", diz Affonso Celso Prazeres Oliveira, síndico do maior prédio residencial da cidade.

'Copancabana'

A vida dos mais de 2.000 moradores do prédio também vai progredindo, diz o síndico. "Temos 20 elevadores novos, gás incluído no condomínio e fibra óptica [para internet]."

A reforma da fachada, orçada em R$ 23 milhões, ainda não encontrou patrocínio de empresas. "Devemos fazer por nossa conta", diz Oliveira.

As benesses, no entanto, já se fazem notar no preço dos imóveis.

O aluguel de uma quitinete pequena, com cerca de 30 m², foi de R$ 600 para R$ 1.100 em cinco anos. Um apê de 45 m² podia ser alugado por R$ 1.100 em dezembro, mês da morte de Niemeyer. Agora, pedem-se R$ 1.500 -um aumento de 36%. No resto da cidade, o aluguel subiu em média 14% entre maio de 2012 e o mesmo mês de 2013, segundo o Secovi-SP (sindicato da habitação).

"Quando vim morar aqui, há oito anos, ainda era superbarato e um pouco mal visto morar no Copan", diz a designer Clara Reluni, 29. "Hoje, é 'cool'. Tenho amigos que chamam os corredores daqui de 'Copancabana', pois parece uma praia", diz ela, que vai se mudar em dezembro. O aluguel de seu apê de 40 m², que era de R$ 1.000, vai subir para R$ 1.400. "Não tenho como pagar. Pena. Mas que venha gente nova."

O economista Celso Lucci, por exemplo, nunca havia pisado ali em seus 23 anos de vida, passados entre Itaim Bibi e Vila Nova Conceição. "Vim um dia no Bar da Dona Onça [restaurante no térreo] e me encantei. Pensei logo: é aqui que vou morar. E não era efeito da caipirinha!" Dois meses depois, ele é o feliz locatário de uma vista para o centro no 27º andar.

Av. Ipiranga, 200


Endereço da página:

Links no texto: