Folha de S. Paulo


Para crítico da 'New Yorker', estilo brutalista tem beleza que 'não é fácil de ser vista'

O norte-americano Paul Goldberger, 62, é um dos principais críticos de arquitetura do mundo. Colaborador das revistas "The New Yorker" e "Vanity Fair", esteve na última Flip, em Paraty --lá disse que "a sombra de Niemeyer é tão grande que até pouco tempo as pessoas nem sequer conheciam, fora do Brasil, a Lina Bo Bardi, uma das maiores arquitetas do século 20", Por telefone, de NY, Paul conversou com a sãopaulo.

sãopaulo - Como você define brutalismo?
Paul Goldberger - É um estilo arquitetônico moderno com edifícios pesados e esculturais, massivos. Por muito tempo, o esforço era fazer prédios parecerem leves. O interesse passa a ser o peso, diferente das delicadas obras de estrutura em aço do chamado modernismo clássico.

Por que essa mudança?
Existia o sentimento, nos anos 1960, de que o modernismo elegante e leve já tinha cumprido seu papel.

Qual a relevância dos 'brutos' de SP?
No Brasil, a arquitetura tende a ser mais macia e lírica. Niemeyer é como o jazz brasileiro, delicado. Alguns arquitetos no país também não são tão duros. O brutalismo no Brasil não é tão brutal.

Por que esses edifícios estão em condições tão ruins?
Não é uma arquitetura confortável. É sempre dura, e sua beleza não é fácil de ser vista. O concreto, que foi tão importante, é um material que pensávamos ser muito forte, mas que envelhece se não for cuidado. É uma questão social.


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