Folha de S. Paulo


Projeto fotográfico investiga 'sexualidade plural' e promete nudez em alta resolução

Mulher com mulher, homem com homem, mulher com homem, homem de calcinha, mulher com boneco inflável, travesti de lingerie, homem vestido de noiva, mulher com cabeça de macaco, setentão nu comendo banana, grávida parindo bolas, palhaço nu com uma pistola... A lista é enorme.

"É aí que me distancio dos nudistas", explica o ator André Medeiros Martins, 31, enquanto ajeita seu minimacacão cor de vinho, bem acima do joelho. "A nudez no meu trabalho é indissociável do sexo."

Nota-se. Em três anos, ele fotografou mais de 200 pessoas para o projeto "Flexões: um estudo sobre a sexualidade plural". Quase sempre os modelos estão nus - e em poses provocativas.

Mas provocação nem sempre agrada. Na semana passada, Martins descobriu que mais de mil fotos suas foram excluídas em dois perfis do projeto no Facebook ("e não tinha nenhum nu frontal!").

Censura ou não, o apagão não funcionou. Agora, o criador do projeto pretende ir à forra.

Em novo site, que será lançado em outubro, ele promete longas sequencias de pênis e vaginas em alta resolução, lado a lado, sem censura.

"Vai ser como um mosaico de pele. Grande, pequena, preto, branca, duro, mole... tanto faz. É incrível como o sexo atrai e repele na mesma medida, e eu estou aqui para explorar isso", diz.

PLURALIDADE

"Sexualidade plural" à parte, a maioria dos modelos ostenta corpos bem torneados. Martins, no entanto, diz que é impressão.

"É tudo truque de luz, sombra e figurino. Eu só escolho aquelas em que os fotografados aparecem bem. Mas tem uma infinidade de fotos pavorosas no meu HD, pode acreditar", conta.

Seu estudo virou livro há três meses, a partir de uma verba de R$ 6 mil captada com apoio do governo do Estado de São Paulo. Na semana do lançamento, Martins e um colega passaram uma tarde inteira deitados "de conchinha" numa cama improvisada na livraria Cultura.

"A gente dormiu, acordou, se roçou... Para mim, não tem nada mais íntimo que o sono", diz.

Ele não nega ter se relacionado sexualmente com alguns dos fotografados. "Somos sempre só nós dois - eu e a pessoa fotografada. Todo o clima é sexual. É claro que às vezes acontece, não vejo problema nenhum."

SEM GLAMOUR

Para Martins, o estudo depende justamente da intimidade. "Eu converso muito com os modelos. Entendo o que está ali por trás, quais são suas travas, desejos e neuras. É isso que que inspira as poses, a cenografia e os figurinos."

O ator - que também trabalha em produções teatrais infantis - explica que não é difícil encontrar gente disposta a aparecer em suas fotos.

"Não tem glamour nenhum. Eu mando para um grupo de conhecidos por e-mail ou pelo celular: 'preciso de tantos pelados, vai aparecer rosto, ou não vai, vai ter comida, ou vai ter purpurina... Quem topa?'".

E basta o sinal para surgirem interessados. No começo, a maioria dos fotografados eram amigos, também atores, todos de São Paulo. Depois, começaram a aparecer voluntários desconhecidos. Suas últimas fotos foram feitas no Rio de Janeiro.

Hoje, o cardápio do projeto "Flexões" inclui idosos, mulheres evangélicas, solteiros, casados, sarados, magrelos --e até famosos, como o ator Felipe Folgosi, que também aparece no livro (mas vestido).


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