Folha de S. Paulo


Compra de armas cresce 43% ao ano em SP; veja

Dez anos após o Estatuto do Desarmamento entrar em vigor, e da campanha que se seguiu no ano seguinte, os moradores de São Paulo nunca compararam tantas armas como nos últimos anos.

Segundo balanço da Polícia Federal analisado pelo "TV Folha", o registro de armas novas por cidadãos comuns, no Estado de São Paulo, saltou de 22, em 2004, para 1283, em 2012. Nos últimos quatro anos foi constatado um crescimento contínuo, na média de 43%.

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No Brasil, em 2004, foram 3.015 armas novas registradas pelos civis, no ano passado, esse número foi seis vezes maior, chegou a 18.627. De acordo com a Polícia Federal, o período de crescimento progressivo foi de 2007 a 2012, na média de 40%.

Para o sociólogo Sérgio Adorno, 61, coordenador do NEV (Núcleo de Estudos da Violência) da USP, "a consequência de uma população armada é grave". "Você pode revidar nas situações mais arbitrarias possíveis e imagináveis. Isso significa o quê? Que vamos instituir uma espécie de guerra de todos contra todos", pontua.

Do total de registros de armas novas no país nos últimos dez anos, 64% foram feitos pelos civis, o restante foi destinado a segurança pública (policiais) ou privada. Não entram nesses dados o mercado de armas usadas e nem aquelas destinadas a caçadores, atiradores esportivos e colecionadores, cujo cadastro é feito pelo Exército.

Em 2004, na primeira Campanha do Desarmamento, 300 mil armas foram entregues no país. Em 2012, apenas 27.329. No Estado de São Paulo, houve uma redução de 23% nas armas recolhidas de 2011 para 2012.

INSEGURANÇA

O "TV Folha" mostra porque os paulistanos estão se armando e quem são eles. O sentimento de insegurança pode ser uma das respostas. De acordo com o Datafolha, para 82% dos paulistanos, a violência aumentou de um ano para cá. A pesquisa foi feita em junho com 815 entrevistados de todas as regiões da cidade.

"A gente não pode esquecer que a reivindicação de segurança tem que ser uma reivindicação para todos. Enquanto a periferia não estiver pacificada o centro não vai estar pacificado, para isso precisa-se ter um sentimento claro de que a vida é uma patrimônio de todos", conclui Adorno.

Diante desse mercado de armas estão os clubes de tiro, que funcionam como uma "auto-escola" para quem esta adquirindo legalmente uma arma. Dentro do estande de tiro, muitos podem deixar de lado o sentimento de insegurança que os levaram ao clube pela primeira vez virando praticantes do tiro esportivo.

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