Folha de S. Paulo


Novos 460 km em SP dedicados a ciclistas estão só em bairros ricos, dizem ativistas

Novos 310 km de ciclorrotas --ruas com sinalização de prioridade para os ciclistas-- serão implantadas na gestão de Fernando Haddad (PT). Com os 150 km de ciclovias ao longo de corredores de ônibus, já anunciados, são os projetos para "bike" confirmados pela prefeitura.

Somados, corredores e ciclovias representariam 460 km de estrutura cicloviária, mais do que os 400 km assumidos por Haddad como meta.

Preocupa a alguns cicloativistas o fato de as ciclorrotas anunciadas estarem no entorno das estações de bicicletas públicas do Bike Sampa, gerido pelo Itaú Unibanco, já que o sistema se concentra em bairros ricos. Ainda não há previsão de ser implantado em bairros periféricos.

Aline Cavalcante, 27, que se desloca de bicicleta, considera ciclorrotas boa opção em alguns casos. Mas vê com preocupação o fato de não estarem programadas fora do centro expandido. "Quais são os interesses em jogo? A publicidade ou a cidade? É legal ter bicicleta pública, mas quem decide onde serão colocadas? Ou só estarão no caminho das pessoas ricas?", critica.

O presidente da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, Thiago Benicchio, ficou surpreso pela entidade não ter sido chamada para discutir os projetos, já que, no início de sua gestão, Haddad se mostrou aberto a dialogar. "Isso não está público em nenhum lugar. Falta de transparência não pode mais continuar no planejamento."

"Será que nós [cicloativistas] só somos chamados para tirar foto e fazer propaganda?", pergunta-se Aline, que aparecerá no vídeo feito pela prefeitura para divulgar a campanha de segurança para os ciclistas.

Segundo a CET, "a meta inicial [da estrutura cicloviária] deverá ser superada", mas não confirmou se há algum outro projeto previsto.

Fotos Rivaldo Gomes, Eduardo Anizelli, Carlos Cecconello e Robson Ventura/Folhapress

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