Folha de S. Paulo


Músico que criou greve fracassada na internet argumenta: 'Faltou união'

A greve geral disparada na internet pelo músico que dizia nunca ter pensado em política ricocheteou.

Depois de reunir mais de 800 mil adesões pelo Facebook, o mineiro Felipe Chamone, 30, que jamais teve contato com sindicatos ou organizações de classe, ficou surpreso quando percebeu que a segunda-feira --dia marcado para a greve-- amanheceu como qualquer outra.

"Minha ideia não foi planejada com antecedência. Essa greve seria só uma forma pacífica de me manifestar", diz.

Hábil com armas (ele pratica tiro esportivo e dá "conselhos a policiais inexperientes"), Chamone reconhece que o tiro saiu pela culatra. "Seria bom se os sindicatos tivessem aderido. Mas eu achava que greves dependiam só da vontade do povo."

Dessa vez, o rival da "vontade popular" não foi sua falta de articulação política, mas sim Mark Zuckerberg, fundador da rede social. "A página do evento foi apagada do Facebook. Se não fosse isso, teríamos pelo menos 2 milhões de confirmações", sugere.

Hipóteses à parte, fica a questão: afinal, para onde foram as 800 mil pessoas que confirmaram adesão à greve?

"Boa pergunta... [ele demora a completar]. Acho que faltou união. Não tinha mais aquela multidão para se apoiar e o povo dispersou."

Ironia ou não, ele próprio assume ter pegado no batente hoje. "Não tenho carteira assinada. Fiquei trabalhando em algumas coisas do meu site."

O autoproclamado cantor de rap não teme ser alvo de críticas --mesmo depois da greve fracassada. "As pessoas me chamaram de oportunista. Realmente fui: peguei carona em uma oportunidade para tentar fazer a diferença. Como o evento não deu certo, agora vou pensar no que fazer."


Endereço da página:

Links no texto: