Folha de S. Paulo


Blogueira enumera as cinco cantadas racistas mais comuns

"Você é uma morena muito bonita." "Você tem os traços delicados." "Seu cabelo é muito bonito, posso pegar?".

Irritada até o último fio com as cantadas que recebe nas ruas diariamente, a blogueira Charô Nunes, 37, resolveu dar o troco na internet. Na página Blogueiras Negras, a arquiteta fez uma lista com os cinco "elogios" racistas mais odiados pelas afrodescendentes.

Além das três frases que abrem esse texto, ela destaca "Você tem a bunda linda" e "Você é uma mulata tipo exportação" entre as cantadas comuns.

"A escravidão traz consequências até hoje", diz Charô, que nasceu em São Luís (MA), mas mora em São Paulo. "Dizer que uma mulher negra é uma 'mulata tipo exportação' é esquecer uma tradição que nos transforma em 'peças' há séculos", dispara.

Ela evoca as "mulheres fruta" quando o assunto é o preconceito no cotidiano. "É como se esses homens machistas tivessem à disposição uma série de frutas. No caso, a 'fruta exótica' é a mulher negra."

Das cinco frases, a que mais tira Charô do sério é a primeira. "Chamar uma negra de morena promove desinformação. Eu tenho que convencer as pessoas de que sou negra e que isso não é um problema", afirma.

A convite da sãopaulo, a blogueira respondeu a cada uma das cinco cantadas proibidas:

"Você é uma morena muito bonita"
- Não sou morena, sou negra, obrigada.

"Você tem os traços delicados"
- O que você quer dizer com delicados?

"Seu cabelo é muito bonito, posso pegar?"
- Não.

"Você tem a bunda linda"
- Essa eu nem respondo.

"Você é uma mulata tipo exportação!"
- Que preguiça de você!

BELEZA AFRO-BRASILEIRA

Em agosto de 2012, o fotógrafo Giancarlo Mecarelli esteve em cartaz com a exposição "Beleza Afro-Brasileira" na Panamericana Escola de Arte e Design. A mostra reuniu 30 imagens de mulheres afrodescendentes nuas, acompanhadas por trechos da obra de Jorge Amado.

Fazendo alusão à narrativa bíblica, Mecarelli fotografou a artista plástica Renata Felinto, que encarnou a versão negra de Eva, durante um ensaio aberto ao público, em que cerca de 50 pessoas acompanharam os bastidores da produção.


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