Folha de S. Paulo


Leia diário do sexagenário melhor árabe de SP, eleito pelo Datafolha

Eu não minto a idade. Tenho 63 anos e exibo as marcas do tempo com orgulho. Elas estão cravadas em cada canto do meu salão no centro, safra 1950, genuinamente art déco.

Nunca fiz plásticas ou reformas radicais. Meu balcão de mármore permanece intacto, assim como o restante da minha decoração.

A turma aqui também não é nada moderninha, já vou avisando. A maior parte do "entourage" está comigo há décadas. Eles conhecem cada pedaço da minha história e, naturalmente, do meu cardápio.

Nesse assunto, aliás, pode me chamar de careta, não ligo. Não admito invencionices na minha cozinha e pronto. Nada de pedir meia-porção ou trocar ingrediente do prato. Quem quiser deve gostar de mim do jeito que eu sou, um tradicionalista.

Tenho 11 irmãos mais novos, todos bem diferentes de mim. A maioria deles está com a turma dos shoppings, mas o rodízio árabe só eu ofereço. São 12 itens –de esfirras e quibe cru a charutinho e cafta.

Fico pensando no que me fez ser eleito pela quinta vez o melhor árabe da cidade. Talvez seja pela comida benfeita servida a preços justos –dizem que é artigo raro hoje. Ou, quem sabe, não foi pela segurança que às vezes só os mais antigos oferecem?

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