Quase 25 anos atrás, quando o Tordesilhas foi fundado, ninguém queria saber de comida brasileira em restaurante. Essa já não era a comida feita na nossa casa, em cada canto do país?
Como ordinários ingredientes nativos –farinha de mandioca, jambu, pequi– ousavam competir com iguarias europeias? Precisou-se por aqui de um punhado de chef estrangeiro –e outro brasileiro– encantado com nossos frutos para eles deixarem essa cozinha marginal.
De pés crescidos numa fazenda do interior paulista, Mara Salles é dessas resistentes que buscavam suas raízes na pimenta cheirosa do Pará enquanto a nata gourmet de São Paulo, ainda imbuída de seu espírito de colônia, esperava a nova leva de trufas italianas.
Antes mesmo de o Brasil virar o novo caldo da culinária mundial, Mara levou o tucupi e o pirarucu para a mesa da alta gastronomia, derrubando aquele tratado do século 15, o de Tordesilhas, que dividia o Brasil em duas partes e separava, injustamente, São Paulo do Pará e do Amazonas. O Tordesilhas foi eleito melhor restaurante de cozinha bras