Folha de S. Paulo


Donos de 'pequeno império' de botecos abrem nova casa na Vila Madalena

Os irmãos Altman não arredam o pé da Vila Madalena tão cedo. O quarteto dono de um pequeno império de botecos no bairro da zona oeste --Filial, Genésio e Genial-- está prestes a inaugurar o quarto bar: o Mundial.

A intenção era abrir o novo local no Jardim Paulistano ou no Itaim Bibi, mas os irmãos "se apaixonaram" por uma esquina da rua Girassol (nº 354), a 15 passos do Genial. É o que conta Helton Altman, um dos integrantes do clã, que inclui Ricardo, Arnaldo e Ronen.

Sempre cheios, os três botecos do grupo conquistaram, precocemente, a aura de clássicos. Empregam 105 funcionários e vendem 30 mil litros de chope por mês, a R$ 6,30 cada um.

Mas, se os sócios não deixaram a zona de conforto --ao menos a geográfica--, arriscaram no conceito da nova casa. O Mundial é o "filho rebelde": renega o modelo de boteco, tão caro às outras casas, composto de trio chope cremoso, clima improvisado e portas que custam a fechar. Arnaldo resume o novato: "É um bar". Ponto.

"Boteco é um clássico, não sai de moda", diz Helton. "O problema é gente achando que ele é uma receita de sucesso", critica.

Da calçada, já é possível notar o deque, onde será possível fumar. No salão, nada de ladrilhos hidráulicos --há madeira no chão e concreto aparente na parede. Arejado, o espaço exibe um grande terraço a céu aberto e uma varanda na lateral.

Este é o maior bar da trupe, com 220 lugares divididos em três pisos, e tem ainda salão de pé-direito alto, com paredes vazadas por tiras de vidro, mezanino e até sala para eventos.

A cargo do arquiteto Anderson Freitas, o salão precisa de ajustes para ficar pronto, como o acabamento na decoração e na fachada. Mas as mesinhas pretas de tampo de fórmica verde já estão lá, esperando a freguesia, que deve começar a ir ao local em julho.

O custo da empreitada não é revelado, mas o investimento foi o maior já feito pelos irmãos, que, ao abrirem sua primeira casa, o Clube do Choro, em 1980, pediram dinheiro a um tio. "Ele disse que só daria se trabalhássemos juntos", conta Helton, que cursou economia e hoje é também produtor musical. O retorno veio em um ano.

Em 1984, inauguraram o Vou Vivendo, bar de MPB que ficava na avenida Pedroso de Morais e revelou artistas como Lenine e Mônica Salmaso. Sobreviveu até 1997, quando teve uma rápida passagem pela Vila Olímpia.

VAI UM PASTELZINHO?

O quitute de maior evidência do menu do Mundial será o pastel. Haverá os tradicionais de feira (carne, queijo, palmito e pizza) e os de bar, com recheios mais criativos, como queijo brie com presunto cru.

Para reforçar o caráter cosmopolita que o local quer passar, serão servidos "pastéis do mundo": a guioza japonesa, o rolinho primavera chinês, as samosas indianas, as empanadas latinas e até os judaicos vareniques, um tipo de ravióli, que vai num prato de rabada.

Criada por Elenice Altman, mulher de Helton, a carta vai ter também sanduíches, caso do hambúrguer Cosmopolita (coberto de brie derretido, cebola caramelizada e alface) e pratos como o frango ao curry.

Para beber, o tradicional chope de colarinho alto e cremoso vai dividir espaço com cervejas artesanais e com uma caprichada carta de drinques de receitas clássicas e autorais, que não existem nas outras casas.

Mas a bebedeira tem hora para terminar: no máximo, às 2h30. "Quem quiser esticar, vai ter sempre o Filial, o Genésio e o Genial", diz Helton. É que, nesses outros três, os mais resistentes podem ficar até as 6h da manhã.


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