Folha de S. Paulo


Mais da metade dos acidentes com ciclistas não envolve colisão

Como se machuca quem pedala no trânsito da cidade? Muitos são atropelados por carros, ônibus, caminhões: cerca de 20% dos 2268 ciclistas atendidos pelo SUS entre 2009 e 2012. Mas a maior parte, 63,1%, simplesmente cai. Ou nem tão simplesmente assim.

Os dados da rede pública de saúde não mostram como ocorreram os acidentes sem colisão. Mas especialistas listam como suas principais causas buracos no asfalto, magrelas sem manutenção e ciclistas mal preparados, além das "finas" de automóveis.

Revista sãopaulo

"A bicicleta tem de estar em perfeitas condições. Na periferia, é fácil ver o cara sem o freio da frente", diz Cléber Anderson, 46, que pedala desde criança. Ex-integrante da equipe brasileira de ciclismo e autor do primeiro manual para ciclistas urbanos no Brasil, ele não poupa os próprios ciclistas.

"Se a pessoa não se sente segura, tem de procurar um curso. Mas tem também as finas dos carros." Para Anderson, os motoristas em geral não respeitam a distância mínima de um metro e meio ao ultrapassar "bikes".

O especialista em segurança no trânsito Eduardo Biavati completa que o perigo ao se pedalar do lado direito também vem do chão. "É onde o asfalto é ondulado por causa dos ônibus."

No primeiro ano do programa da prefeitura para a proteção de ciclistas, completado em março, a cada hora um motorista foi multado por colocar em risco a vida de quem pedala. Foram 8.844 multas. No mesmo período, 52 ciclistas morreram.

O Código de Trânsito Brasileiro não obriga o ciclista a usar capacete. Uma parte dos cicloativistas afirma que o acessório não evita mortes quando há choque com veículos motorizados e, por isso, a lei não deve ser mudada.

Mas, em acidentes sem colisão, o uso do capacete pode evitar fatalidades, diz o médico Jorge dos Santos Silva, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas.

SERVIÇO

A CET dará, em junho, curso que ensina a pedalar no trânsito (Tel.: 0/xx/11/3871-8625).


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