Aberto em 2009, o Dui fechou suas portas depois de três meses de prejuízo. A revelação é feita pela sócia e chef da casa dos Jardins, Bel Coelho.
"Fiz de tudo para manter aberto", conta ela. Apesar de suas tentativas, a casa serviu sua última refeição em 5 de maio.
"A Lei Seca e os arrastões [em restaurantes] também nos atrapalharam", diz Bel, que ainda não pensa em abrir outro restaurante.
A chef diz acreditar que a capital paulista também está saturada e altos preços são obstáculo. "Ninguém está podendo sair para gastar todo o dia. Acho que pouca gente vai conseguir sobreviver em São Paulo da alta gastronomia. Desses restaurantes que cobram mais de R$ 100 pela refeição, vão sobrar poucos."
ABAIXO, LEIA ENTREVISTA COM BEL COELHO:
sãopaulo - Por que o Dui fechou?
Bel Coelho - A necessidade tinha surgido há três meses. A casa não estava indo bem como negócio. Os investidores [os outros quatro sócios] decidiram e tivemos que fechar. Foi tudo muito traumático
O que levou a essa situação?
A conjuntura econômica prejudica, as pessoas estão revendo a maneira de gastar. A Lei Seca e os arrastões [em restaurantes] também nos atrapalharam. Outra coisa que dificultou foi fecharmos para o almoço da semana, uma decisão que eu era contra. Isso teve reflexo no almoço de sábado e domingo, caiu muito. À noite ficávamos cheios, mas um período só não segura um restaurante.
Você acha que a cidade está saturada?
Eu não tenho nenhuma dúvida. Ninguém está podendo sair para gastar todo o dia. Acho que pouca gente vai conseguir sobreviver em São Paulo da alta gastronomia. Desses restaurantes que cobram mais de R$ 100 pela refeição, vão sobrar poucos. Quem vai sobreviver é quem cobra R$ 50.
Quais são seus planos?
Em junho começo a fazer um programa para um canal francês. Isso já estava acertado e não mudou. Não penso em abrir outro restaurante agora, ainda estou me recuperando do fechamento do Dui. Quero aproveitar para fazer coisas que não tinha tempo.
O quê?
Quero vender comida barata. Participar de eventos como O Mercado e outros semelhantes. Penso em alugar uma van, uma Kombi, para vender na rua. Quero fazer algo diferente, de até R$ 20, mas de qualidade, com vinho na taça, mas por enquanto é só uma ideia. Estou pesquisando, mas não saí com muito dinheiro.
E o Clandestino (espaço dentro do Dui no qual a chef preparava menus especiais)?
Vai continuar. Quero fazer uma vez por semana, com experimentação, só para convidados. Preciso encontrar um lugar para montar a cozinha base, mas quero manter ele. Você tem que ir onde estão os clientes, acho que é esse o caminho.