Folha de S. Paulo


'Quero discutir os limites entre a loucura e a sanidade', diz diretor da ópera 'Ça Ira'

Aos 41 anos, André Heller-Lopes prepara a estreia de sua sétima ópera no Theatro Municipal. Assinando a direção cênica de "Ça Ira - Há Esperança", o carioca comanda a montagem brasileira do texto escrito pelo roqueiro Roger Waters.

A partir de quinta (2) serão realizadas quatro sessões do espetáculo. A Orquestra Sinfônica Municipal e o Coral Lírico Municipal serão conduzidos por Rick Wentworth.

Em "Ça Ira", a protagonista chamada Maria Antonieta é colocada em um hospício e tida pelos internos como a rainha da França. A partir daí, são discutidas questões como os limites entre a loucura e a sanidade e a busca pelos direitos humanos.

Um dos principais nomes da crescente cena de ópera brasileira também dirige "Sonho de uma Noite de Verão", com sessões no Parque Lage, no Rio de Janeiro, no fim de maio.

O diretor conversou com a sãopaulo no intervalo dos ensaios no Theatro Municipal:

Ana Liao/Divulgação
André Heller-Lopes (foto), diretor cênico de
André Heller-Lopes (foto), diretor cênico de "Ça Ira - Há Esperança", estreia a ópera no Theatro Municipal nesta quinta (2/5)

sãopaulo - O que norteia a direção cênica de "Ça Ira"?
André Heller-Lopes - Queremos fazer um espetáculo para todos os públicos. Um dos desafios de fazer a ópera de um astro do rock, que flerta com o musical, é garantir a respeitabilidade ao público tradicional e ao mesmo tempo agradar os fãs de Roger Waters. Quero discutir os limites entre a loucura e a sanidade e o conceito de liberdade além dos quadros da Revolução Francesa. Partimos de uma moça que se chama Maria Antonieta, que é levada a um espaço de lunáticos. Todos começam a achar, por conta do nome, que ela de fato é a rainha. Isso dá ignição para uma loucura coletiva.

Entre as prioridades do Theatro Municipal está o resgate de sua vocação lírica. Como vê o cenário de óperas no Brasil?
Tenho consciência. Por isso, aceitei o desafio, é muito relevante "Ça Ira" ser a primeira ópera do Theatro Municipal neste ano, sob a nova gestão de John Neschling. É essencial fazermos da melhor maneira possível visando a ampliação do público. Sou otimista em relação ao cenário brasileiro. Estamos nos profissionalizando cada vez mais, montando óperas nunca feitas aqui. É um trabalho de muitos anos que promete chegar ao seu auge. Claro, também precisamos discutir parcerias com outros estados.

Como enxerga o público paulistano?
O público de São Paulo é apaixonado por ópera e pela tradição dos textos italianos. Além disso, o público do Theatro Municipal é passional e visceral, bastante exigente com o seu grande teatro.

Informe-se sobre o evento


Endereço da página:

Links no texto: