Folha de S. Paulo


'Nunca cogitei que Herbert não voltaria a tocar', diz baixista do Paralamas

A banda Os Paralamas do Sucesso comemora 30 anos de estrada com uma turnê de shows inéditos.

Além dos clássicos do grupo, os Paralamas também tocarão canções de artistas que os influenciaram, como The Police, The Clash, Led Zeppelin e Gilberto Gil, entre outros.

A primeira apresentação é em São Paulo, no Espaço das Américas, no sábado (dia 20). Os ingressos custam de R$ 120 a R$ 220 (para estudantes, de R$ 60 a R$ 220) e estão à venda pelo site Ticket 360.

O baixista Bi Ribeiro conversou com a sãopaulo sobre as três décadas de carreira. Confira a seguir.

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sãopaulo - Os Paralamas permanecem com a formação original desde 1983, o que é raríssimo. Nesses 30 anos de trajetória, algum integrante já pensou em sair?
Bi Ribeiro - Não. As carreiras solos acabaram acontecendo; nós três fizemos trabalhos paralelos. Mas o Herbert, por exemplo, nunca fez show solo. E esse trabalho paralelo é bom, é uma experiência legal porque as coisas acabam somando e revertendo para própria banda, como informações, contatos com gravadoras...

Vocês já passaram por muitas adversidades, o acidente do Herbert, por exemplo. Alguma vez já pensaram em terminar a banda, se aposentar?
Olha, a gente passou por muitas dificuldades, inclusive o fim do LP e o fim do CD [risos]. Principalmente na época do acidente do Herbert, me bateu uma coisa, sabe? Foi um medo de encarar. Mas eu tinha certeza que a gente voltaria a tocar. Nunca passou pela minha cabeça que o Herbert não voltaria à ativa. Acho que, na verdade, eu bloqueei qualquer pensamento em relação ao término da banda porque sempre tivemos vontade de estarmos juntos.

O show de São Paulo é o primeiro da turnê comemorativa. As pessoas verão os Paralamas tocarem sucessos de outros artistas, que influenciaram a música de vocês. Como você acha que o público vai reagir?
A gente pensou em fazer isso porque na nossa trajetória incluímos coisas de outras pessoas, "Você", do Tim Maia, por exemplo. Pensamos em retomar isso e tocar coisas que sempre foram referências para nós, que fazem parte da nossa história até mesmo antes da banda.

Vamos tocar músicas de outras pessoas, mas apenas alguns pedaços, introduções, não vamos tocar nenhuma inteira. É uma passada na nossa história. Acho que todo mundo vai achar legal.

Você pode revelar um pouco do "setlist" ou está sendo mantido em segredo?
Posso falar, sim. Vamos tocar canções clássicas na nossa história, como "Meu Erro", e outras antigas que não tocamos há muito tempo, como "Me Liga", que é do nosso segundo, e "Cinema Mudo".

As parcerias entre os Paralamas e outras bandas de rock acabaram resultando em discos legais. Sei que a aproximação entre vocês e o Legião Urbana começou antes da música. Como foi?
Pois é, meu irmão, o Pedro, era aluno de inglês do Renato Russo. Meu irmão, inclusive, é a capa do disco "Selvagem"; pegamos a foto dele e colocamos lá [risos]. Mas a gente conheceu o Renato antes das duas bandas porque ele era professor do Pedro. E a turma do Renato começou a ouvir música punk, da Inglaterra. O Pedro logo se juntou a essa galera, e nós fomos junto.

Você consegue nomear três momentos marcantes da carreira dos Paralamas?
Nossa, é difícil. Tem vários. Mas não posso deixar de dizer o Rock in Rio, de 1985, que foi um trampolim muito grande para nós. Na época, éramos conhecidos no Rio de Janeiro, mas só no circuito pequeno. O grande público não nos conhecia, mas a plateia que estava ali no Rock in Rio já escutava nossas músicas. Foi muito legal porque éramos meio que a "zebra" do festival e fomos destaques nessa noite.

A nossa entrada na Argentina também foi muito importante. Estávamos aqui no quarto disco, quando nos chamaram para tocar na Argentina. E foi legal, porque foi como se estivéssemos começando do zero: tocamos em bares, lugares pequenos, conhecemos o meio artístico argentino. Fomos muito bem recebidos e até hoje nos consideram como se fôssemos de casa.

E o acidente do Herbert também, com certeza. Como eu disse, em nenhum momento achamos que íamos parar. Ficamos parados, no total, uns três meses.

Só isso?
Pois é. Quer dizer, nós ficamos sem fazer shows por um ano e meio. Mas, depois de três meses do acidente, já estávamos tocando e ensaiando com o Herbert.

O que você espera para os próximos 30 anos dos Paralamas?
A gente espera continuar tocando, sempre. Estamos preparando um disco inédito. Demos um tempinho, por causa dos ensaios do show, mas até o fim do ano devemos gravar.

O curioso dos Paralamas é que os discos são bem diferentes uns dos outros. Existe alguma característica própria para esse álbum novo?
É, sempre tentamos tomar caminhos diferentes. O disco novo ainda não tem uma cara. Vamos compondo, tocando, e aí quando achamos que o trabalho tem uma cara, um conjunto de canções que o definam, quando identificamos essa característica, paramos e gravamos.

Mauricio Valladares/Divulgação
João Barone (à esq.), Herbert Vianna e Bi Ribeiro celebram os 30 anos dos Paralamas do Sucesso
João Barone (à esq.), Herbert Vianna e Bi Ribeiro celebram os 30 anos dos Paralamas do Sucesso, no sábado (20), em São Paulo

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