Folha de S. Paulo


Marcha histórica reúne líderes mundiais e uma multidão nas ruas de Paris

Uma verdadeira maré humana participa neste domingo (11), em Paris, da marcha republicana em homenagens às vítimas dos atentados e pela liberdade de expressão. A mobilização é considerada histórica e sem precedentes na França.

Diversos líderes europeus e mundiais desfilaram de braços dados com o presidente François Hollande, que está acompanhado de 44 chefes de Estado e de governo. A imagem é extremamente forte e simboliza a solidariedade da Europa e de vários países com a França, após os atentados terroristas que deixaram 17 vítimas.

Entre as lideranças que desfilaram por cerca de 200 metros nas ruas de Paris em um cortejo separado do da multidão, estão a chanceler alemã, Angela Merkel, os primeiros-ministros da Itália, Matteo Renzi, da Espanha, Mariano Rajoy, e da Grã-Bretanha, David Cameron. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também esteve na marcha dos líderes.

Ao lado direito do presidente francês esteve o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netaniahu. Também participou da marcha o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

No bloco de líderes estiveram presentes o ex-presidente Nicolas Sarkozy e os ex-primeiros-ministros Jean-Pierre Raffarin e Lionel Jospin, além de outros ex-membros do governo. Eles fizeram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.

Depois da caminhada, o presidente Hollande cumprimentou todos os participantes e se dirigiu aos familiares das vítimas que estiveram à frente da marcha. Um outro bloco, formado por personalidades do primeiro escalão do governo e de entidades religiosas e associações de defesa dos Direitos Humanos, também desfilou na sequência. 

Enquanto isso, da Praça da República, no centro de Paris, partiu a marcha que reúne milhares de pessoas, algumas delas com cartazes dizendo "Eu sou Charlie", a frase que se tornou símbolo da campanha de repúdio aos ataques que começaram na quarta-feira contra o jornal satírico Charlie Hebdo. Na ação dos irmãos Kouachi, 12 pessoas morreram, a maioria jornalistas da publicação.

SEGURANÇA

A presença de milhares de pessoas e tantas personalidades políticas exigiu um esquema excepcional de segurança. O ministério do Interior destacou mais de cinco mil policiais e militares nas ruas da capital francesa, sendo mais de 2 mil para a segurança das personalidades durante o cortejo.

Outros policiais pretegem locais considerados "sensíveis" como embaixadas estrangeiras e empresas de comunicação.

MANIFESTAÇÕES PELA FRANÇA

Além da manifestação nas ruas de Paris, diversos desfiles foram programadas pelo país e já reúnem mais de 500 mil pessoas no início da tarde, segundo estimativas oficiais da polícia francesa.

Uma das mais expressivas acontece em Lyon,  com mais de 150 mil pessoas nas ruas da terceira maior cidade do país. Outras 60 mil pessoas participam de uma marcha em Rennes, no oeste da França. No sábado, 700 mil pessoas já haviam saído às ruas em homenagens às vítimas do terrorismo.

EUROPA CONTRA O TERRORISMO

O chefe de governo italiano, Matteo Renzi, um dos poucos a falar com a imprensa ao deixar o Palácio do Eliseu, disse que a Europa "vai vencer o desafio de lutar contra o terrorismo". Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, estimou que "a ameaça jihadista ainda estará presente por muito tempo entre nós".

Um vídeo  foi divulgado hoje na internet com um homem se apresentando como Amedy Coulibaly, que matou uma policial e quatro reféns na mercearia judaica. Ele reivindica o atentado em nome do grupo Estado Islâmico.

Segundo o ministro americano da Justiça, Eric Holder, "não há informações confiáveis" sobre a participação da rede terrorista Al Qaeda nos atentados de Paris. A AQPA, o braço da rede Al Qaeda na Península Arábica, reivindicou os ataques de Paris.
 


Endereço da página:

Links no texto: