Folha de S. Paulo


Brigitte Bardot comemora 80 anos e diz que está longe da aposentadoria

Figura polêmica da cena cultural e política francesa, Brigitte Bardot comemora 80 anos no próximo domingo (28). Um dos maiores ícones do cinema mundial, a atriz abandonou a carreira nos anos 1970, mas mesmo longe dos holofotes e apesar da idade avançada, afirma que não pretende se aposentar tão cedo.

Desde seu último filme, "L'histoire très bonne et très joyeuse de Colinot Trousse-Chemise", lançado em 1973, ela prefere se dedicar à batalha contra as touradas, a caça aos elefantes africanos e às focas.

Em entrevista à imprensa francesa, Bardot disse que "se aposentar era um horror e que por isso as pessoas morriam de tédio."

Mesmo tendo recebido inúmeros convites, a protagonista de "E Deus Criou a Mulher" (1956) jamais cedeu à tentação de voltar às telas, vivendo discretamente cercada de seus cães —que ela aparenta preferir aos humanos. Quando se tornou mãe, em 1960, definiu sua gravidez como "nove meses de pesadelo", dizendo que preferia ter "parido um cachorro."

Reconhece, porém, que a carreira no cinema, que a consagrou em filmes como "O Desprezo" (1963), de Jean-Luc Godard, serviu para ajudá-la em seu novo projeto.

"Minha vida me ajudou a construir outra. Se eu não tivesse sido Brigitte Bardot conhecida no mundo todo, certamente não teria podido fazer um décimo do que posso fazer pelos animais."

Ela chegou até mesmo a recusar um projeto de Madonna de um filme sobre sua vida. O motivo: a cantora apareceu usando um casaco de pele.

INCITAÇÃO AO ÓDIO

Casada quatro vezes, Bardot dedicou os últimos quarenta anos de sua vida à Fundação Brigitte Bardot, criada por ela em 1986.

"A Fundação é minha vida. E mesmo quando eu morrer, farei o que for preciso para que ele continue existindo", disse. A francesa luta pelo fim dos rituais de animais abatidos segundo os preceitos islâmicos. Ainda hoje, ela diz que "a maior felicidade de sua vida seria acabar com essas práticas."

O combate, porém, já trouxe muitos problemas para a atriz. Em uma carta enviada ao então ministro do Interior Nicolas Sarkozy em 2006, ela atacou diretamente o Islã dizendo que "os muçulmanos destroem a França através de seus atos." A declaração a levou a ser condenada em 2008, e a pagar uma multa de 15 mil euros (R$ 46 mil) por "incitação ao ódio racial."

Criticada por sua proximidade com a extrema-direita, na época, ela explicou que apesar de ser assumidamente de "direita", nunca foi filiada ao partido Frente Nacional (FN). Nas últimas eleições, ela apoiou publicamente a presidente do partido, Marine Le Pen, "a única que teve coragem de denunciar o escândalo da carne halal". Recentemente, voltou a pedir ao presidente François Hollande que colocasse um fim à prática.


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