Folha de S. Paulo


Após polêmicas, Netflix chega a países europeus nesta segunda

O serviço de vídeo sob demanda Netflix chega a seis países europeus, incluindo França e Alemanha, nesta segunda-feira (15), após enfrentar grande resistência do setor de audiovisual desses países, que temem uma concorrência desleal com o gigante americano. O Netflix está presente hoje em 40 países, incluindo o Brasil, e possuí 50 milhões de assinantes em todo o mundo.

A partir desta segunda, França, Alemanha, Áustria, Suíça, Bélgica e Luxemburgo vão poder ter acesso aos serviços. A entrada nesses mercados, porém, foi árdua, sobretudo na França.

"Uma das vantagens do Netflix em relação aos concorrentes é que ele se instala em um outro país da União Europeia, o que lhe confere uma situação artificialmente privilegiada", declarou Olivier Schrameck, presidente do CSA (Conselho Nacional do Audiovisual da França).

Na França, por exemplo, o CSA temia que a empresa, por ter sua sede fora do território francês, conseguisse contornar a legislação local que determina que empresas de comunicação financiem a produção audiovisual do país.

Para o presidente da entidade, a solução para evitar uma concorrência desleal é criar uma legislação europeia. "Precisamos de uma regulação em nível europeu para assegurar um mínimo de apoio à criação [europeia]".

Outra preocupação dos canais de televisão franceses é com o preço proposto. O Netflix chega ao país com pacotes que custam entre 7,99 euros e 11,99 euros por mês (entre R$ 24,1 e R$ 36,17), uma oferta mais atraente que a dos canais tradicionais.

Com a assinatura, os clientes terão acesso ao catálogo de séries produzidas pelo serviço —exceto "House of Cards", cujos direitos de difusão na França pertencem com exclusividade ao Canal Plus—, além de programas de TV produzidas por outros canais e filmes.

Para a exibição de filmes, a empresa californiana teve que se submeter à lei francesa, que determina que longas só podem ser veiculados três anos após terem entrado em cartaz nos cinemas.

VERSÃO FRANCESA

Segundo a ministra da cultura da França, Fleur Pellerin, vários grupos de audiovisual franceses começaram a desenvolver projetos para concorrer com o Netflix, tanto em termos de preço quanto de catálogo. A operadora de TV por assinatura Canal Plus, por exemplo, já lançou um serviço de transmissão de vídeo para tentar enfrentar a concorrência americana.

Além da resistência dos reguladores, o Netflix também deve enfrentar barreiras culturais para seduzir os espectadores franceses. As séries, que geralmente são transmitidas na língua original com legendas, também serão dubladas em francês. O gigante americano também vai produzir séries com atores locais.


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