Folha de S. Paulo


Negociações com Farc são principal tema do 2° turno na Colômbia

Considerado durante muito tempo como favorito, Juan Manuel Santos tem três semanas para defender suas negociações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

No poder desde 2010, o presidente de centro-direita afirmou que seus eleitores têm "duas opções": "o fim da guerra ou a guerra sem fim" com a principal guerrilha colombiana, que após meio século de luta ainda conta com cerca de 8 mil combatentes.

Reunidos em Cuba, os negociadores chegaram a um acordo sobre uma reforma agrária - tema que que deu origem às Farc -, a participação dos ex-guerrilheiros na política e a luta contra o narcotráfico.

UM PAÍS DIVIDIDO

Ex-ministro da Economia, o candidato da oposição, Oscar Zuluaga, conta com o apoio do ex-presidente Alvaro Uribe.

Ele ainda é reverenciado no país pelas vitórias militares contra a guerrilha durante seu governo, entre 2002 e 2010. Recentemente eleito senador, Uribe não para de acusar Santos, seu ex-ministro da Defesa, de "trair a pátria" e de oferecer "impunidade" às Farc.

Na mesma linha, Zuluaga, que planeja lançar um ultimato de uma semana para que a guerrilha entregue as armas, afirmou que o próximo presidente não pode "deixar as Farc comandarem o país". Ele promete uma "paz séria e responsável".

EscândalosA campanha do primeiro turno foi marcada por escândalos: um conselheiro presidencial foi acusado de ter recebido suborno da máfia e um integrante da equipe de Zuluaga foi processado por ter interceptado emails de Santos.

O segundo turno se anuncia igualmente turbulento. Com um cota de popularidade de 38%, o atual presidente parece estar pagando o preço pelo descontentamento social no país. Com 47 milhões de habitantes, um terço dos habitantes da Colômbia está na pobreza, apesar de um crescimento de cerca de 4%.

O primeiro turno teve um índice de abstenção de 60%, e o resultado final vai depender de como votarão os eleitores dos outros candidatos.

Os partidários da conservadora Marta Lucia Ramirez (15,6%) parecem mais próximos de Alvaro Uribe, enquanto os de Clara Lopez, que teve um dos melhores resultados da esquerda (15,3%), podem votar para Santos a fim de apoiar o processo de paz com as Farc.

Já o ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa (8%), de centro, fez questão de enfatizar suas diferenças com os dois campos.


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