Folha de S. Paulo


Repetição da aliança entre PT e PMDB ainda não está certa, diz Tarso Genro

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, considera que "está no campo das probabilidades" e ainda "é cedo" para afirmar que será reeditada em 2014 a aliança entre o seu partido, o PT, e o PMDB na disputa presidencial. Para o gaúcho, é necessário repactuar a coalizão de maneira mais "programática".

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Em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do UOL, Genro diz reconhecer que foi "altamente positivo" o acerto entre o PT e PMDB nos últimos anos, pois foi uma aliança de estabilização. "Agora, temos de partir para uma outra etapa (...) Esse novo programa exige alianças mais definidas, mais programáticas. Uma bancada mais unificada no Congresso Nacional".

Em 2010, a chapa presidencial vitoriosa teve Dilma Rousseff pelo PT e Michel Temer, como vice, pelo PMDB.

Apesar de governar um Estado relevante e ter uma história sólida no PT, Genro, 66 anos, ressalta que é representante de uma posição minoritária na legenda. Mas expressa sua opinião de maneira clara, o que pode produzir ruído entre os petistas e seus principais aliados, os peemedebistas.

"Nós precisamos ter alianças mais programáticas. Se vai ser o presidente Temer vice ou não, eu não sei (...). O meu partido deve colocar pontos claros da próxima aliança em obrigações programáticas para os partidos cumprirem".

Integrante da tendência interna Mensagem ao Partido, Genro apoia o deputado federal Paulo Teixeira (SP) para presidente do PT no processo de eleição interna da legenda, marcado para 10 de novembro. É adversário do atual presidente nacional petista, Rui Falcão, candidato à reeleição.

A respeito de como o PT deve conduzir a formação da aliança presidencial de 2014, o governador gaúcho sugere um roteiro: "Sou a favor de que antes de se compor uma relação com o PMDB, componha-se uma aliança entre a esquerda, entre os partidos de esquerda. PT, PC do B, PSB". Só depois entrariam os peemedebistas.

Para Genro, a melhor opção para o seu colega governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), é se manter aliado a Dilma Rousseff em 2014. "Se ele [Campos] tiver intenção de ser presidente da República, com pensamento estratégico para isso, ele seria candidato conosco em 2018", disse.

Assim como já havia proposto em 2005, à época em que eclodiu o escândalo do mensalão, Genro continua a defender uma refundação do partido. Sua ideia é tentar reconectar o PT à sociedade, da qual se distanciou depois de mais de uma década no poder federal. Na sua avaliação, o tamanho real da militância petista hoje seria apenas 250 mil pessoas.

Ao comentar o desfecho do mensalão, Genro disse considerar que o Supremo Tribunal Federal fez um julgamento político. Para ele, "foram condenados sem provas" os petistas José Dirceu e José Genoino. "Houve uma campanha maciça, midiática, e a condenação dessas pessoas foi uma tentativa de condenar o ex-presidente Lula", afirmou.

A seguir, trechos da entrevista:

Folha/UOL - O PT ampliou o leque de alianças no plano nacional ao longo dos anos. O sr. fez uma crítica sobre a relação atribulada entre o PT e o PMDB. Qual é a sua avaliação hoje sobre essa aliança PT-PMDB?
Tarso Genro - A aliança PT com o PMDB deu governabilidade, capacidade de o governo fazer grandes mudanças no país. Foi positiva. Eu acho que daqui para a frente ela tem que ser mais programática. Seja com quem for, com o PMDB, com o PSB.

O sr. sabe que não será...
Depende dos sujeitos políticos dedicados a isso. A vontade política do partido agora, para as próximas eleições, tem que ser exercida nesse sentido. Falo sobre o partido retomar sua função de sujeito organizador, produtor de política.

A aliança era menos programática...
É uma aliança de estabilização das vitórias e de início das mudanças que o país sofreu nesse período. Foi altamente positivo. Os resultados estão aí. Não é de graça que o presidente Lula se reelegeu e a Dilma também. O Brasil progrediu muito nesse período. Até os empresários reconhecem.
Agora, temos que partir para uma outra etapa. Acho que o programa que um governo de esquerda, ou de centro-esquerda, mais propriamente, deve implementar no próximo período deve ser um novo programa. Esse novo programa exige alianças mais definidas, mais programáticas. Uma bancada mais unificada no Congresso Nacional.

A aliança PT-PMDB com a chapa Dilma Rousseff, do PT, e Michel Temer, do PMDB, deve ser repetida? Se sim, quando o sr. fala em termos programáticos, poderia exemplificar?
Acho que o Temer é um representante autêntico do PMDB. Quem trabalhou comigo a entrada do PMDB formalmente na aliança da reeleição do presidente Lula foi o presidente Temer. Mas o PMDB é talvez o partido mais fragmentado que existe no país. Até porque é um grande partido. E era um partido que era unificado na época do regime militar em cima da recuperação da democracia. E descasa da caracterização programática...

E continua assim hoje...
...Continua assim hoje. É isso que está começando a aparecer. Nós precisamos ter alianças mais programáticas. Se vai ser o presidente Temer vice ou não, eu não sei. É uma coisa que o PMDB tem que examinar. Agora, acho que o meu partido deve colocar pontos claros da próxima aliança em obrigações programáticas para os partidos cumprirem. Sob pena de em um novo Congresso não se fazer novamente a reforma política, não se fazer reforma tributária, não se tomar medidas reorganizadoras do Estado brasileiro que estão sendo requeridas há muito tempo. Como a crise federativa que estamos vivendo, a crise financeira.

Mas o PMDB se encaixa nesse figurino e poderá fazer esse tipo de aliança com essa qualidade programática?
Eu não sei. Eu sei que nós devemos buscar que o faça.

E se o PMDB não quiser fazer?
O PT tem que buscar um sistema de alianças que dê conforto para um novo ritmo de programa.

Vai expelir o PMDB da aliança, então?
Eu não acho que deva ser expelido da aliança. Acho que o PMDB é um grande partido, vai ter muitos deputados. Nós devemos é trazê-lo, devemos é compor uma aliança programática para isso.

Mas o sr. disse que não sabe se os 2 principais partidos na chapa presidencial já estão garantidos. É isso?
Eu acho que sim. Acho que o PMDB vai apoiar a presidenta Dilma e vai pedir a cabeça de chapa. Isso tem que ser uma conversa entre partidos. Então o PT tem que dizer assim: 'Nós vamos lá agora assinar aqui um programa de governo'. Eu sou a favor de que antes de se compor uma relação com o PMDB, componha-se uma aliança entre a esquerda, entre os partidos de esquerda. PT, PC do B, PSB...

Como seriam as fases dessa aliança então? Primeiro, PT iria procurar os partidos aliados históricos, é isso?
O PT deveria chamar a discussão de um programa comum. Tem um exemplo muito significativo que ocorreu na França, na época do [Lionel] Jospin [primeiro-ministro da França pelo Partido Socialista Francês, de junho de 1997 a maio de 2002], que foi a organização do programa comum das esquerdas. Esse programa atraiu apoios. Não a partir de relações regionais, que acho que é o grande deságio da democracia brasileira.

Quem sucedeu Jospin?
Foi o Sarkozy [na realidade, Nicolas Sarkozy foi eleito presidente da França cinco anos depois do mandato de Jospin como primeiro-ministro. Mas é um fato que a articulação de esquerda de Jospin sem grandes resultados ajudou a pavimentar o caminho para Sarkozy, que é de centro-direita].

Pois é. A aliança das esquerdas culminou no Sarkozy...
É... mas em função de uma crise brutal do capitalismo europeu, que depois fez o Sarkozy perder também. Mas são coisas da democracia.
Sou mais otimista do que tu. Eu defendo que, a partir desta próxima eleição, a nossa aliança seja mais programática em todos os partidos. Independente de que seja o PMDB ou não, seja um chamado para pontos programáticos muito claros, para refletir dentro do parlamento. Um programa mais avançado do que esse.

Vamos supor que seja impraticável fazer uma aliança programática nesse nível com o PMDB. Como resolver então? O PMDB ficaria na aliança, sem ter o cargo de vice-presidente?
Esta é a questão que o partido tem que responder. Em política não tem essas consequências matemáticas que você está tentando colocar na tua pergunta.

Mas seria como então... O partido iria sopesar o quê?
O partido tem que organizar, na minha opinião, uma mesa de negociações com os partidos que estão na sustentação da presidenta Dilma e costurar um programa novo.

Cite os principais partidos, além do PT, que poderiam sentar a essa mesa.
Os partidos que estão atualmente na base do governo. É isso que tem que ser feito. Nós não podemos lidar com partidos ideais, que não existem. Nem o nosso partido é um partido ideal. Nós temos é que partir de um programa...

...Mas aí senta-se à mesa, faz-se um programa de governo para próxima fase. Aí alguns partidos podem dizer: 'Olha, para mim é muito difícil apoiar esse tipo de reforma agora'. Como é que faz? O PMDB, por exemplo, que é um partido que não tem essa unidade...
Aí será um problema novo que o partido terá que resolver.

Não. É um problema velho. Hoje já não existe isso...
Não, um problema novo para essa nova etapa que eu estou falando. Porque esta etapa até agora, com todos os defeitos que teve, foi uma aliança de sucesso. Nós não podemos comparar o Brasil que temos hoje, com as reservas que nós temos, com a inclusão social que temos, com o PIB que nós temos, com o combate à inflação que temos, e com o Brasil como nós pegamos há 10 anos.

Repetir a atual aliança tal como ela está hoje não é bom? Ou é bom?
É impossível, na minha opinião.

Por quê?
É impossível que ela seja repetida porque os problemas que vão ter que ser enfrentados são outros.

Repetir a atual aliança nos atuais termos é ruim?
Para todo mundo. É ruim para o PMDB. É ruim para o PT. É ruim para o PC do B. Nós vamos enfrentar novos problemas. Temos que estar mais fortalecidos.

Mas quais são as alternativas? O bom e o ruim dependem das alternativas. Quais são elas? Desfazer a aliança, fazer uma aliança melhor, mais programática...?
O partido tem que lidar com as alternativas que são mais coerentes com seu programa. Se isso aí vai dar certo ou não é a política e o talento organizativo, o debate político-programático que vai dizer. Nenhum partido pode declinar, por antecipação, de sua capacidade de ser sujeito organizador. É isso que todo partido tem que recuperar.

Basicamente, o PT deve dizer ao PMDB, queremos fazer uma aliança para 2014, programática?
Programática. E aí sentar para construir essa aliança com o PSB, se o PSB ficar conosco. Se não ficar no primeiro [turno], vai ficar no segundo turno. Com o PC do B, com os partidos menores que compõe a aliança. Mas nem todos os partidos têm vocação programática. É exatamente por isso que o PT, que tem vocação programática, deve pautar essa questão como uma questão fundamental para o futuro.

E o sr. enxerga o vice-presidente Michel Temer e o PMDB imbuídos desse desejo de fazer essa aliança programática?
Pelo que eu conheço do presidente Temer, sim. O conjunto do PMDB, eu desconheço ele nacionalmente. Lá no Rio Grande do Sul o PMDB é o principal partido de oposição ao nosso governo. Nós não temos nenhuma afinidade lá com o PMDB, a não ser o respeito mútuo.

Hoje, a cerca de 1 ano da eleição, o sr. diria que a embocadura é mais para repetir a atual aliança e a atual chapa ou ainda está no campo das probabilidades?
Está no campo das probabilidades. Vai depender muito do influxo, do impacto que tiver esse processo de eleição direta do PT na nova direção do partido, e como ela vai se comportar, que tipo de preliminares ela vai colocar para uma aliança e qual é o tipo de autonomia que o partido vai ter em relação ao próprio candidato. Porque o candidato tem que ter autonomia. O partido tem que se mover de maneira unitária, até para que o candidato tenha a comodidade para organizar seu espaço político, a sua sustentação, a partir dessa movimentação partidária.

Se está no campo ainda das probabilidades, é então incerto dizer que será repetida a chapa Dilma-Temer, por enquanto?
É. Eu acho que é cedo para dizer isso. É cedo. Acho que até para o próprio PMDB, que tem definições internas para tomar, também em relação ao seu futuro, que a gente não tem nenhuma capacidade de interferência.

Quem pode ocupar a vaga de vice-presidente além do PMDB?
Eu não gostaria de me manifestar sobre isso porque pode parecer uma proposta. E dentro do partido, como sou minoria, não estou condições de fazer uma proposta....

Até o final do ano, o PT realizará o Processo de Eleições Diretas (PED) para a escolher a nova direção partidária. As informações disponíveis dão conta que o grupo vencedor será o que já comanda a sigla, reelegendo o presidente atual, Rui Falcão. Dessa forma as mudanças que o sr. propõe para o PT não vão acontecer?
É. Provavelmente, não aconteçam na profundidade que nós estamos almejando. Mas hoje também os blocos partidários, ambos, estão interpenetrados por ideias que vêm sendo combinadas dentro do partido, que vêm sendo concertadas dentro do partido. O Rui Falcão, por exemplo, está sendo um presidente de transição e direção deste PED muito qualificado. Ele está neste polo mais tradicional do partido e não está sob a hegemonia da Mensagem [ao Partido], que é o que o grupo ao qual eu pertenço e que pretende eleger o [deputado federal por São Paulo] Paulo Teixeira. Mas o Rui não é fechado a essas questões que eu estou te colocando. É necessário, se o Rui for eleito --não sei se ele vai ser--, que ele procure incorporar do nosso bloco político algumas questões-chaves para a própria sobrevivência do partido. Porque o partido, neste momento, está se tradicionalizando. Até pela forma como está sendo feita essa eleição direta. Está havendo um alargamento de público votante.

Esse alargamento do público votante se refere a militantes filiados ao partido que não estavam em dia com as suas obrigações financeiras -e que estão tendo as suas obrigações financeiras quitadas e que ficarão aptos a votar. Esse tipo de procedimento acaba piorando ainda mais a imagem do partido que já não tem sido boa nos últimos tempos?
Eu acho que o fato de alargar o número de votantes por si só não é problemático. Todas as correntes estão fazendo esse alargamento. Quem for eleito vai ter legitimidade. O que eu acho é que o partido perde a oportunidade de valorizar muito mais a qualidade do debate preparatório ao PED e dando preferência para questão da quantidade de pessoas.

Não fica um processo viciado?
Não acho que seja a eleição ideal. A eleição ideal seria apertarmos o número de votantes e verificar o máximo possível de pessoas para votar que estivessem integradas na vida partidária e fizessem escolhas ideológicas e programáticas.

Quantas pessoas o sr. acha que estão de fato verdadeiramente integradas à vida partidária do PT?
É difícil saber. Na minha opinião, o partido tem um conjunto de militantes em torno de 200 mil, 250 mil militantes. São pessoas que vivem a vida partidária. Estão organizadas em algum tipo de movimento que o partido esteja presente. Estão organizadas nos núcleos partidários. Estão organizadas no movimento social e no sindicato, na intelectualidade, na academia, identificados como militantes partidários.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, pode vir a ser candidato a presidente. Ele ganha ou perde sendo candidato a presidente e se desgarrando do PT?
Depende da perspectiva. Acho que se ele tivesse intenção de ser presidente da República, com pensamento estratégico para isso, ele seria candidato em 2018 conosco.

O PT apoiando a candidatura dele?
Não. Estou dizendo a movimentação que ele faria. Não estou dizendo que o PT o apoiaria.

Mas o sr. disse "conosco"...
Conosco, com o PT. Ou seja, ele ficaria dentro da coalizão atual e se cacifaria para se apresentar em coalizão com um outro candidato. Não estou dizendo que o PT aceitaria ou que o PSB aceitaria. Estou dizendo o que seria mais estratégico para ele. Acho que ele tem escassas possibilidades de vitória hoje. E sendo candidato hoje contra a presidenta Dilma, dificilmente será um candidato das esquerdas na sucessão da Dilma.

Falou-se algumas vezes uma aliança PT-PSB com ele ocupando a vaga de vice-presidente. O sr. acha fora da realidade?
Não. Acho que poderia estar dentro dos cálculos do PT e do PSB.

Já para 2014?
Acho que isso aí poderia ser uma possibilidade.

Mas é difícil desalojar o PMDB da vaga de vice-presidente...
Mas aí entra a questão programática, não é? Por isso que eu acho que tem que se partir da questão programática. O PT, como sujeito organizador, sujeito político proponente. Alguns partidos poderiam formar um programa, que seria um programa ideal para o país, e o PMDB não aceitar. Nós gostaríamos que ele aceitasse porque queremos que o PMDB esteja junto.

O Supremo Tribunal Federal pode encerrar nesta semana o julgamento do mensalão. O que fica para o PT desse episódio?
Fica uma lição política extraordinariamente importante, sob diversos ângulos. Não só no que se refere ao manejo do poder político que, eu diria, foi feito de uma maneira pouco tradicional por esses companheiros que ocuparam aqueles cargos. Fica também uma lição de uma imensa politização do Poder Judiciário no âmbito de um julgamento em que as sentenças já estavam ditadas por antecipação. Formou-se um grande caudal de opinião pública em cima do debate político em que esses companheiros entraram condenados. Foi um processo intensamente politizado.

Mas foi injusto?
Na minha opinião, sim. Porque é evidente que para a condenação de algumas pessoas como, por exemplo, o José Dirceu, teve que se inventar inclusive uma teoria. Uma teoria para fundamentar uma condenação sem provas. Uma coisa é a questão penal, outra coisa é a questão política. Na questão política, eu acho que nós temos uma lição importante até porque o nosso partido está se tradicionalizando. Isso não é uma coisa boa para a democracia no país. Agora, do ponto de vista jurídico, não sou eu que estou dizendo, são eminentes juristas que acompanharam esse processo, que foi um processo intensamente politizado e que existem condenações sem provas.

Mas o sr. está dizendo que alguns dos condenados deveriam ter sido absolvidos?
Eu creio que sim. Eu não estudei detidamente o processo. Mas, pelas informações que estão circulando, pelo tipo de debate, inclusive, que se deu dentro do Supremo, pelo tipo de cerco informativo que a mídia fez sobre o processo de maneira totalmente unilateral, me parece que a condenação foi muito mais política do que assentada em provas. E isso se traduz, sim, em condenações injustas do ponto de vista jurídico. Quem vai vencer essa batalha política, na minha opinião, não está resolvido ainda.

Como assim?
Porque sobre esse processo pende um grande debate político sobre o futuro do país. Sobre o tipo de responsabilidade que se assume quando se coordena um determinado ministério, o que que isso vai resultar de depuração da nossa estrutura institucional para conter erros ou ilegalidades que as pessoas cometem. E qual é a versão que vai ficar para a sociedade brasileira. Isso não está definido. Isso não é o processo que vai resolver. É o debate político que vai se processar depois do julgamento.

No caso do mensalão não foram cometidos crimes?
Eu não sei se foram cometidos crimes ou não. Porque uma coisa é a verdade concreta, a verdade da realidade. Outra coisa é a verdade ficta que está dentro do processo. E dentro do estado de direito democrático, a gente julga a verdade ficta, e não aquilo que publicamente se presume como sendo a verdade concreta. Essa é a grande diferença que tem dos processos de Moscou, por exemplo, de um processo judicial democrático de qualquer país com armadura constitucional democrática. O que eu estou dizendo, que tudo indica, é que esta verdade ficta, que está dentro do processo, não tem provas o suficiente para a condenação de alguns dos que foram condenados.

O sr. poderia citar alguns que não deveriam ter sido condenados?
Os que eu mais acompanhei, até por interesse partidário, são dois companheiros que eu tive um relacionamento. Um deles muito próximo, é o José Genoino. E o outro deles eu não tive relações próximas do ponto de vista político, mas sempre tive uma relação interna no partido, que é o José Dirceu. Tudo indica que esses dois quadros do partido foram condenados sem provas. É isso que circula na opinião dos juristas mais independentes do país -e que não foram subjugados por uma campanha que se deu no entorno desse processo, que era uma campanha previamente condenatória dessas pessoas.

Acesse a transcrição completa da entrevista

A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets):

1) Principais trechos da entrevista com Tarso Genro (10:26);

2) Tarso: Coalizão PT-PMDB em 2014 é só uma probabilidade (3:51);

3) PT ainda precisa ser refundado, diz Tarso Genro (2:08);

4) Divisão no PT prejudica reforma política, diz Tarso (1:46);

5) Tarso: No governo, PT se desconectou da sociedade (1:40);

6) Militantes efetivos do PT são 250 mil, diz Tarso (1:16);

7) Tarso: STF condenou Genoino e Dirceu sem provas (2:10);

8) Campos deveria se lançar com o PT em 2018, diz Tarso (2:10);

9) Tarso: No RS, chance de vitória em 2014 é alta (1:59);

10) Quem é Tarso Genro? (1:20);

11) Íntegra da entrevista com Tarso Genro (59 min.);

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