Folha de S. Paulo


Serra é competitivo mesmo sem tempo de TV, diz Kassab

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, acredita que o ex-governador paulista José Serra vai sair do PSDB e se lançar candidato ao Palácio do Planalto em 2014.

Em entrevista ao programa "Poder e Política", da Folha e do UOL, Kassab declarou que o hoje tucano Serra seria competitivo mesmo sem tempo de propaganda de rádio e TV numa legenda de menor expressão.

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"Tem algumas figuras no Brasil que, no momento da sua vida, o partido já não é tão importante numa eleição presidencial quanto seria no passado", disse Kassab. Ele cita os ex-presidentes Lula e FHC e "o próprio ex-governador José Serra".

"Todos sabem quem é o Serra, o que ele pensa", diz Kassab, que faz muitos elogios ao tucano, de quem foi vice-prefeito na cidade de São Paulo. "Eu tenho admiração por ele, eu acredito ser ele uma das pessoas da vida pública mais bem preparadas do país. Todos sabem da estima que eu tenho por ele. Ele está preparado para ser candidato, para ser um bom presidente da República, se vencer as eleições".

Apesar dessas declarações, Kassab afirma que "Serra sabe" que "a tendência" do PSD, "qualquer que seja o quadro, é apoiar a reeleição da presidente Dilma".

E mais: "Salvo nos Estados que tenham um presidenciável ou um pré-candidato a presidente da República, existe uma convicção grande [no PSD], uma torcida, para que o partido caminhe com a presidente Dilma no seu projeto de reeleição".

É então difícil o PSD apoiar José Serra em 2014? "É difícil deixar de apoiar a presidente Dilma", responde Kassab. Ele tem uma dívida de gratidão com o PT, que o ajudou durante a fase de criação de sua legenda, em 2011.

Durante a entrevista, Kassab sempre se equilibrou entre elogiar Dilma e afirmar sua convicção sobre as chances eleitorais de Serra. Há uma possibilidade hoje de o tucano se filiar ao PPS, partido com apenas 11 deputados e presença diminuta no horário eleitoral.

Kassab acredita que a disputa pelo Planalto em 2014 tende a terminar no segundo turno. "Você já começa com três candidatos com uma probabilidade grande de chegar ao segundo turno", diz, citando apenas Dilma, Marina Silva (Rede Sustentabilidade) e Serra. Coloca Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) num plano inferior, embora também no páreo.

Alguém tem condição de vencer no primeiro turno? "A única candidata que pode ganhar no primeiro turno é a presidenta Dilma", responde. Para o presidente do PSD, a petista deve recuperar grande parte de sua popularidade "até o final do ano".

Sobre a criação da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, preferiu não opinar de maneira direta, mas acha que o TSE deve observar os limites da lei - dando a entender que esse novo partido estaria fora desses limites.

Kassab diz que deve ser candidato do PSD ao governo de São Paulo em 2014 e que seu partido perderá, embora ele tente ainda impedir, de 4 a 5 deputados agora em setembro para novas siglas que estão sendo criadas.

A seguir, trechos da entrevista:

Folha/UOL - O sr. criou um novo partido, o PSD. Novos estão sendo criados. A Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, por exemplo, atende ao que determina a lei para receber o registro?

Gilberto Kassab - É um tema polêmico para o momento por conta do prazo do registro de filiações para as pessoas que queiram disputar as eleições no ano que vem. É importante registrar que temos uma legislação. Defendo ardorosamente a oportunidade para a ex-senadora e ex-ministra Marina ser candidata a presidente da República. Ela tem um apoiamento importante na sociedade brasileira.

Mas também é importante registrar que nós temos quase 40 partidos no Brasil. Existe uma lei. Torço para que tudo dê certo com a Rede. E torço para que, caso não dê certo, que ela encontre uma alternativa para se apresentar perante o eleitorado brasileiro.

O Tribunal Superior Eleitoral deve atender ao pedido da ex-senadora Marina Silva e validar as assinaturas aqui em Brasília e não esperar a validação nos cartórios eleitorais nos Estados?

É difícil dar opinião em relação a um processo jurídico quando você não acompanha os fatos. Não tenho domínio dos fatos da criação da Rede, partido da ex-senadora. Eu confio muito na Justiça Eleitoral. O TSE vai se manifestar de uma maneira adequada, de uma maneira correta. Tenho certeza absoluta que vai respeitar a lei.

Estará sendo aberto um precedente se a Rede receber o registro da forma que pede ao TSE? Será uma interpretação elástica da legislação eleitoral?

Existe um limite na admissibilidade da elasticidade. A lei tem limites. O Poder Judiciário interpreta as leis, é evidente. Segue as leis. Existe uma lei que deve ser obedecida. Essa elasticidade é compreensível diante de algumas circunstâncias, mas todos nós temos que tomar muito cuidado porque a lei é para todos e em todos os momentos.

Não teremos eleições apenas no ano que vem. Não vivemos apenas o dia de hoje politicamente. O Tribunal sabe disso. Na medida em que atender um partido, vai atender dessa mesma maneira todos aqueles partidos que tentarem ser formados a partir de agora. Mas eu confio muito na Justiça Eleitoral.

A presidente Dilma Rousseff apresentou várias propostas após os protestos de junho. Foram propostas apropriadas?

Naquele momento, todas foram positivas. Você pode acrescentar à sua pergunta é se foram suficientes. Eu acho que ainda não. Tanto é que o próprio Congresso Nacional, os poderes municipais, os prefeitos e os governadores estão discutindo medidas para evitar novos aumentos [das passagens de ônibus] no ano que vem. Por exemplo, uma contribuição da Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico] no plano municipal em relação à gasolina. Tem várias ideias sendo debatidas. O que mostra que, diante das circunstâncias, as medidas ainda são insuficientes.

A presidente chegou a propor uma assembleia constituinte exclusiva para a reforma política. Recuou em seguida e falou em plebiscito para a reforma política. Foram boas propostas?

Eu defendo a reforma política. Ela é fundamental para que se tenha um sistema de representação mais autêntico, mais legítimo. Não sou contra o plebiscito, não sou contra Constituinte exclusiva para a reforma política, nada disso. Mas as medidas de curto prazo sempre são abandonadas.

Por exemplo, existe uma comissão de reforma política no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados. Essa comissão está praticamente criando um consenso de se votar o fim da coligação nas eleições [para cargos] proporcionais e o restabelecimento da cláusula de barreira. Por que o Congresso não vota já essas duas medidas? Eu não entendo. Eu acho quase inadmissível porque não é conflitante com a proposta do governo.

Qual é o seu palpite sobre a razão pela qual não são votadas essas duas medidas?

Não sei. Existe um consenso no Congresso Nacional. Acho que, no caso dessas duas medidas, valeria a pena o governo refletir se não está errando, se não pode aproveitar esse momento para pelo menos votar já o fim da coligação nas [eleições para cargos] proporcionais e o restabelecimento da cláusula de barreira para as eleições de 2018. Não é nem 2014 nem 2016. Para que os atuais governadores, os atuais prefeitos não se sintam vítimas da uma mudança na legislação. Legislação essa pela qual eles foram eleitos. Então, é incompreensível.

Como está indo a administração da presidente Dilma Rousseff?

Primeiro eu quero registrar a posição do partido. Nós temos um entendimento interno desde a sua criação de que, ao longo desse primeiro mandato da presidenta Dilma, nós daríamos a todos os nossos parlamentares o conforto de serem independentes para atender aqueles que estariam vindo para o partido e tinham na eleição de 2010 apoiado a candidatura Dilma --e queriam continuar apoiar o seu governo-- e também dando conforto para aqueles que não apoiaram a presidente Dilma, como é o meu caso. Eu apoiei o então candidato [José] Serra.

O partido no Congresso não é da base do governo. O partido é independente. Porém, existe uma predisposição forte no partido. As consultas estão em andamento.

Mas há um apoio do PSD ao governo no Congresso...

Naqueles projetos que a bancada entende que sejam projetos vinculados ao que ela pensa que seja bom para o país. Mas não teve nenhum momento em que o partido fechou questão de ir ao junto aos seus parlamentares [e dizer]: "Vão votar com o governo dessa maneira". Todos eles têm liberdade para votar com o governo e liberdade para votar contra projetos do governo.

Mas qual é sua avaliação atual sobre o nível de eficiência da administração pública federal?

É um lugar-comum nas avaliações dos últimos 16 anos do país. O governo Fernando Henrique teve avanços extraordinários no campo da economia. O grande mérito do presidente Lula foi manter esses avanços. E [o governo Lula] iniciou algumas ações no campo social que foram preservadas pela presidenta Dilma. Agora, ela tem tido posições muito importantes no campo da infraestrutura. Nós vamos finalmente ter no Brasil os aeroportos em pouco tempo funcionando de maneira adequada --ou avanços grandes. O Brasil inteiro está em reformas. Os aeroportos, seja Guarulhos, que é o maior, sejam os outros menores, o de Brasília, Viracopos, estão passando por reformas, passando por um aumento na sua capacidade de atendimento.

A questão dos portos. A legislação foi alterada. Nós vamos ter avanços notáveis na questão dos portos. Daqui a algumas semanas, nós teremos a licitação na concessão da operação de estradas com obras importantes.

A presidente Dilma pode estar construindo uma marca importante do seu governo, que é no campo da infraestrutura. Vai dar suporte a um eventual crescimento. Retomada do desenvolvimento do país com o desenvolvimento da nossa economia.

Mas há uma impressão, contestada pelo governo, sobre uma perda de credibilidade na capacidade gerencial do governo. Alguns acreditam ser necessário mudar a equipe econômica. Qual é a sua opinião?

Estamos vivendo um momento importante no governo...

Houve perda de credibilidade?

...Não sei se é credibilidade ou não, mas os investidores estavam inseguros. Isso é público. Esse momento está passando. Tanto é que os aeroportos, todos eles, estão em obras no Brasil. São investimentos com parte expressiva de capital privado. Os portos, com a nova legislação, vão passar por investimentos importantes.

Você tem razão na sua observação em relação a uma insegurança que, muito possivelmente --como brasileiro, eu torço para que a minha expressão seja correta-- existia. E está passando
Era um problema. A própria presidente pode ter identificado, superado esse momento com mudanças importantes no conceito de convivência com o investidor.

Houve algum erro estratégico do ponto de vista macroeconômico que levou o país a esta situação?

Teve momentos importantes que causaram um certo estresse na relação do poder público com o investidor.

Por exemplo?

Na questão da forma como que foi anunciado o reajuste nas tarifas da energia elétrica. Eu defendo o que foi feito pelo governo. Mas houve, talvez, um erro no diálogo, na forma com que foi abordada a questão. Acabou se criando uma expectativa ruim em relação à segurança para os investimentos do país.

Mas esse momento foi superado. Esse momento é uma página virada diante dos investimentos que voltaram a acontecer, principalmente nas obras de infraestrutura no país.

As manifestações de junho reduziram a popularidade de quase todos os políticos, inclusive da presidente Dilma Rousseff. O sr. acha ela voltará a ter a popularidade que já teve?

Existe uma possibilidade grande de ela retomar a sua popularidade até porque essa queda foi geral. Ela atingiu a todos. Fruto da insatisfação da sociedade brasileira com a eficiência do uso dos recursos públicos, com a eficiência dos serviços prestados pelo poder público. Foi de caráter geral.

A presidente Dilma tem uma margem grande, um tempo grande para se recuperar e ela vai se recuperar.

João Santana, marqueteiro da presidente, disse que ela se recuperaria em quatro meses. O que o sr. acha?

Não posso fazer essa afirmação até porque o próprio João Santana, ao fazê-la, é muito mais uma intuição dele. Mas, mantida essa curva de retomada do seu índice de popularidade, eu não acho difícil que ela tenha uma melhora acentuada até o final do ano.

Como está o atual processo de consultas internas do PSD para validar uma posição para o ano que vem a respeito de apoiar ou não a reeleição da presidente Dilma?

Neste momento, o partido está procurando selecionar seus pré-candidatos para as eleições de deputado estadual, deputado federal, senador, governador. Essa fase se encerra no dia 30 de setembro. Deixamos o mês de agosto e setembro para esse processo.

Em outubro, retomamos o processo de consulta. O processo de consulta é muito mais uma referência para a conduta do partido até porque a verdadeira consulta acontece na convenção do partido no mês de junho [de 2014].

Por enquanto, qual é o placar?

O meu sentimento que, salvo nos Estados que tenham um presidenciável ou um pré-candidato a presidente da República, existe uma convicção grande, uma torcida, para que o partido caminhe com a presidente Dilma no seu projeto de reeleição.

Essa é a vontade do governador [Raimundo] Colombo, em Santa Catarina --que caminhemos com a reeleição da presidente Dilma. É a vontade do governador Omar Aziz [do Amazonas]. É a vontade da senadora Kátia Abreu [PSD-TO]. É a vontade dos nossos sete vice-governadores de Estado no partido. E de uma maioria grande dos nossos deputados federais.

Mas o momento definitivo vai ser o mês de junho [de 2014], que é o mês das convenções.

A tendência continua sendo dar o apoio à reeleição da presidente Dilma?

A tendência continua sendo essa.

O PSD hoje, na Câmara, é a quarta maior bancada. Para efeito de tempo eleitoral, seria a terceira?

A terceira.

Neste mês de setembro, vários partidos novos podem ser criados...

Dois ou três.

Alguns desses partidos falam abertamente que vão receber filiações de deputados, inclusive do PSD. Quantos sairão do PSD?

Existem quatro ou cinco parlamentares que estão entrando no partido. E tem também uns quatro ou cinco que me procuraram já que estavam avaliando. Chamei para conversar e dei totalmente liberdade...

...Para sair?

Não. Incentivei que façam a reflexão e que, caso saiam, que sejam felizes, contem com o nosso respeito, a nossa consideração. Acredito que se saírem, serão poucos. E vão entrar também alguns.

Para efeito do cálculo do tempo de rádio e TV, o que vale é aquele número que foi homologado na criação?

Cinquenta e dois deputados titulares.

Se algum desses 52 saírem, eles levam para o novo partido o tempo de TV também?

Sim. A legislação permite.

Aí então diminuiria um pouco o tempo de TV do PSD?

Aí diminuiria.

Qual é o cenário de candidatos a presidente em 2014?

Vou fazer um exercício de imaginação.

A presidenta Dilma é candidata. A ex-senadora e ex-ministra Marina é candidata. Tem uma tendência grande para o governador [de Pernambuco] Eduardo Campos, mas ele mesmo tem dito que não é uma coisa definida. O senador Aécio Neves vai sair pelo PSDB. Pelo que eu observo, eu acredito que tem uma chance grande do ex-governador José Serra sair candidato por um outro partido. Acredito que são esses.

Joaquim Barbosa será candidato?

Acredito que não. Ele mesmo já teve oportunidade de se manifestar.

O sr. acha então que há uma possibilidade de o ex-governador José Serra ser candidato a presidente por algum outro partido que não o PSDB?

Eu acredito.

Por quê?

Porque são as manifestações de companheiros seus. Algumas manifestações cuidadosas que ele tem feito. Mas, para quem conhece o Serra, pode concluir que existe essa avaliação sim.

É bom para a carreira dele ser candidato fora do PSDB?

Prefiro falar da figura do Serra. Tenho admiração por ele. Acredito ser ele uma das pessoas da vida pública mais bem preparadas do país. Todos sabem da estima que eu tenho por ele. Ele está preparado para ser candidato, para ser um bom presidente da República, se vencer as eleições. A questão PSDB precisaria ser respondida por alguém que esteja vivendo o momento dentro do PSDB. Eu não estou vivendo esse momento.

Se ele pedir para conversar sobre uma possível aliança com o seu partido, qual é a perspectiva disso prosperar?

A minha posição será a posição do meu partido. Sou presidente de um partido. Qualquer conversa que eu tenha com o Serra ele saberá, como ele sabe, que a tendência do nosso partido, qualquer que seja o quadro, é apoiar a reeleição da presidente Dilma.

É difícil o seu partido apoiar o José Serra em 2014, então?

É difícil deixar de apoiar a presidente Dilma.

Isso significa então que é difícil apoiar o José Serra?

É, porque diante das circunstâncias é um quadro muito bem encaminhado. É público isso.

Sem o apoio de um partido grande, o sr. acha que Serra teria chances competitivas de concorrer a presidente?

Não quero aqui menosprezar a importância dos partidos políticos. Mas tem algumas figuras no Brasil que, no momento da sua vida, o partido já não é tão importante quanto seria no passado. Falo do presidente Lula, do presidente Fernando Henrique Cardoso, do próprio ex-governador José Serra. Não que não seja importante o partido, mas em outros momentos da sua vida o partido teve mais importância. O tempo de televisão teve mais importância. Todos sabem quem é o Serra, o que ele pensa.

O que isso significa?

São pessoas que numa campanha a presidente da República vão ter o contato direto, pelos meios de comunicação, pelos debates. Com o eleitor. A figura do partido perde um pouco importância numa candidatura presidencial de figuras públicas como essas.

Ainda que não tenha tempo de TV por conta de estar num partido menor?

Porque tem alternativas importantes, como é a internet, como são os debates, com uma audiência grande em alguns meios de comunicação, como são as coberturas diárias que os meios de comunicação fazem das campanhas.

O sr. acha que José Serra seria competitivo mesmo fora do PSDB, é isso?

Acredito que sim. É um candidato que tem muito valor e portanto vai ter, por parte do eleitorado, um acompanhamento das suas propostas, que independe da questão partidária.

O sr. tem conversado com ele?

A questão da campanha não tenho falado. O Serra é uma pessoa muito inteligente, mas muito reservada na articulação política.

A eleição para presidente no ano que vem tende a ser resolvida no primeiro ou no segundo turno?

No segundo turno.

Por quê?

Porque você já começa com três candidatos com uma probabilidade grande de chegar ao segundo turno.

Quais sejam?

A presidente Dilma tem uma condição importante. É muito difícil que ela não chegue ao segundo turno. Pode até ganhar no primeiro turno. A candidata Marina, se consolidando no patamar dos 20%. A candidatura do Serra também é uma candidatura que você pode associar a um patamar de 20%. E a candidatura do senador Aécio é uma candidatura que vem de um partido importante, que tem dois governos estaduais importantes - de Minas Gerais e São Paulo. Pode também atingir esse patamar de 20%. E o Eduardo Campos, caso se confirme a candidatura, é uma pessoa de muito valor, com muito talento. Eu não digo que é uma promessa para o futuro porque ele já é uma realidade. Mas, no plano nacional, é uma promessa importante para o futuro do país, seja para 2014, 2018, 2022.

Diante desse quadro, é muito difícil que nós não tenhamos segundo turno. Se não tivermos, a única candidata que pode ganhar no primeiro turno é a presidenta Dilma.

Quem seria, numa disputa dessas, o principal adversário da presidente Dilma? Dada a conjuntura atual.

Todos esses candidatos. É muito difícil uma projeção agora. O Serra já foi para o segundo turno. Já teve um percentual importante dos eleitores que o levaram para o segundo turno. A Marina já teve uma votação expressiva. E o senador Aécio, como eu disse agora, tem muita consistência política na sua candidatura.

Mas dos três, quem o sr. acha que vai acabar vingando?

Qualquer um dos três pode vingar.

O sr. é candidato ao governo de São Paulo no ano que vem?

O nosso partido, através da direção nacional, tem uma diretriz recomendando, definindo, que os Estados se esforcem, deem prioridade à candidatura própria a governador. Muito importante na fase de criação do partido.

Em São Paulo não será diferente. Nós devemos ter sim um candidato a governador.

Essa é uma decisão já tomada ou ainda é possível fazer uma aliança?

Não. É uma decisão tomada.

Terá candidato próprio?

O partido vai ter candidato próprio a governador [de São Paulo].

E o sr. desejaria ser esse nome?

Um cargo majoritário nunca pode ser fruto de uma postulação, de uma obstinação, de uma ansiedade. O que existe no partido --isso seria aqui uma bobagem eu não dizer porque é de conhecimento público-- é uma vontade das lideranças no Estado --e eu fui consultado já para isso-- que tendo candidato, que seja eu o candidato. E me consultaram. Eu já disse que caso isso se confirme, eu aceitarei.

Nas 27 unidades da Federação, em quantas o PSD terá candidato próprio a governador?

Acredito que possamos ter em dez Estados candidato próprio a governador. Entre outro, no Amazonas, Santa Catarina, São Paulo, Amapá, Rio Grande do Norte. E em mais uns oito ou nove Estados. Vamos dizer que desses oito ou nove que estejam encaminhados, mas não definidos, possamos chegar a dez Estados.

O PSD tem 52 [deputados]. Qual será o número em 2015?

Não fizemos esse levantamento. O importante é que haja um esforço em todos os Estados para eleger o máximo possível.

No Sul e no Sudeste, quais são os Estados em que pode haver candidato próprio do PSD a governador?

Santa Catarina. São Paulo. No Paraná, temos um pré-candidato a governador, [Joel] Malucelli, que pode ou não confirmar. Não é definida a sua candidatura. No Rio Grande do Sul, vamos para uma aliança. Em Minas Gerais existe uma divisão no partido. Uma parte quer caminhar com a candidatura do ministro [do Desenvolvimento, [Fernando] Pimentel [do PT], e outra parte do partido querendo caminhar com o candidato do PSDB. Isso será ser definido no momento certo.

E no Rio?

No Rio de Janeiro tem um encaminhamento para caminhar com a candidatura do vice-governador Pezão [Luiz Fernando Souza, do PMDB].

No Nordeste, em quais Estados haverá candidato próprio do PSD?

Temos dois Estados com a candidatura a governador bastante avançada. Rio Grande do Norte, o vice-governador Robson Faria já definido a sua posição no quadro majoritário e o partido querendo tê-lo como candidato a governador. Na Bahia, também já definido o candidato majoritário, o vice-governador Otto Alencar, o partido querendo que ele seja candidato a governador.

Acesse a transcrição completa da entrevista

A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets):

1) Principais trechos da entrevista com Gilberto Kassab (8:30);

2) Kassab: Serra é competitivo mesmo sem tempo de TV (2:08);

3) Dilma se recupera e PSD deve apoiá-la em 2014, diz Kassab (2:55);

4) Rede, de Marina, precisa ficar dentro lei, diz Kassab (1:41);

5) Kassab: Marca do governo Dilma será infraestrutura (1:40);

6) PSD me quer candidato ao governo de SP, diz Kassab (0:35);

7) Kassab: PSD pode perder 5 deputados em setembro (1:36);

8) Quem é Gilberto Kassab? (1:04);

9) Íntegra da entrevista com Gilberto Kassab (41 min.);

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