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Acordo pró-Alckmin mantém tensão entre os tucanos na nova executiva

Marlene Bergamo/Folhapress
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)

O acordo que resultou na posse do governador paulista, Geraldo Alckmin, na presidência do PSDB não pacificará por completo o partido, com a tensão entre diferentes alas internas latente.

Nesta sexta-feira (8), véspera da convenção que empossará a nova executiva,o governador paulista teve uma conversa ríspida com Arthur Virgílio, prefeito de Manaus que quer disputar prévias com ele para se lançar à Presidência em 2018.

O senador Tasso Jereissati (CE) foi chamado para aplacar os ânimos –ele e Virgílio foram para outra sala e depois Alckmin os reencontrou.

Nos últimos dias, o governador paulista vinha pedindo a interlocutores que demovessem Virgílio da ideia de discursar na convenção. Na legenda há preferência pelo nome do paulista.

Virgílio, contudo, diz fazer questão de competir, o que força a convocação de prévias no partido. Isso frustrou os planos de Alckmin, que gostaria de sair da convenção ao mesmo tempo como presidente do partido e candidato ao Palácio do Planalto.

O manauara criticou Alckmin por, na sua visão, centralizar o comando do partid e deverá fazer um duro discurso no sábado.

"Eu quero tudo igual, inclusive na convenção, mesmos minutos, quero falar bem pertinho de você, quero mesmo quantidade dele do fundo partidário", relatou ter dito a Alckmin no encontro.

Também na sexta (8), o ex-senador José Aníbal ainda tentava articular sua a permanência na presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV).

O posto, porém, fora oferecido por Alckmin aTasso, hoje adversário de Aníbal internamente. Segundo o cearense, ele terá "carta branca" para formar o programa de governo da candidatura.

Tucanos têm expectativa de que Tasso mantenha o tom crítico que adotou durante sua interinidade na presidência do PSDB no novo cargo, o que pode reavivar atritos.

"[O convite] sinaliza para mim, e essa é a razão pela qual estamos aceitando, sinaliza que é para dar continuidade ao programa que é esse início de reformulação", afirmou Tasso.

Para tentar contornar as diferenças internas, Alckmin procurou dar espaço aos diferentes grupos que se chocaram ao longo do ano.

Tasso e o governador Marconi Perillo, de Goiás, assumirão postos de destaque e terão aliados na nova executiva. Os dois renunciaram à disputa pela presidência do PSDB em favor de Alckmin.
Tasso, além do ITV, terá um aliado na segunda vice-presidência, possivelmente o deputado Ricardo Tripoli (SP).

Na sua cota também haverá na executiva um "cabeça preta", a ala jovem que se alinhou ao cearense nas críticas ao governo de Temer (PMDB).

Os cotados até sexta eram o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr, e Eduardo Leite, ex-prefeito de Pelotas (RS) e possível candidato ao governo gaúcho. O prefeito João Doria também terá um cargo na executiva.
Já Perillo ocupará a primeira vice-presidência, o segundo cargo da linha sucessória do PSDB. Em caso de afastamento de Alckmin, Perillo assumiria o comando tucano.

O senador Aécio Neves (MG) apoiou Perillo na campanha interna, assim como o senador José Serra, Doria, o ministro Aloysio Nunes e Alberto Goldman.

Presidente licenciado do PSDB até este sábado, Aécio manterá influência por meio da indicação do deputado Marcus Pestana (MG), seu aliado, na secretaria-geral.

A ala próxima a Tasso minimiza o espaço de Aécio, um de seus principais adversários no PSDB. A avaliação é que Perillo não assumirá o partido se Alckmin conseguir se eleger presidente da República. Eles apostam numa renúncia do governador paulista ao cargo, o que forçaria nova eleição da executiva.

Perillo defende que o PSDB se aproxime da base aliada de Temer para fazer aliança em 2018, apesar da resistência do grupo de Tasso.

"Tenho bom trânsito com os partidos do campo do centro democrático e, naquilo que eu for demandado por Alckmin, eu farei. Sendo demandado, buscarei tratar o mais ampliado leque de apoios e uma boa composição para que a gente possa ter um projeto vitorioso. Claro, ancorado em princípios e valores éticos."

Editoria de Arte/Folhapress
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