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Para evitar descontrole, FHC e Goldman articulam chapa única em convenção

Bruno Poletti/Folhapress
Alberto Goldman, presidente interino do PSDB, que trabalha para garantir chapa única na convenção
Alberto Goldman, presidente interino do PSDB, que trabalha para garantir chapa única na convenção

Para evitar o descontrole total do racha no PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador paulista Alberto Goldman, presidente interino do partido, atuam para garantir a formação de chapa única na convenção em dezembro.

A chance de fracassarem é aventada pela primeira vez na história do partido, em meio à divisão que se explicitou na formação da ala que advoga pelo desembarque do governo Temer e aquela que defende a permanência.
O objetivo de FHC e Goldman é restringir a disputa à Executiva, composta por cargos como presidente, vices, secretário-geral e tesoureiro.

Candidato a presidente do PSDB, o governador de Goiás, Marconi Perillo, disse nesta segunda-feira (13) que "Fernando Henrique me consultou, isso já tinha sido feito por Goldman, se eu concordaria com uma chapa única. Sim, porque quero unidade."

Procurado, seu adversário, o senador Tasso Jereissati (CE), não se manifestou.

A convenção do PSDB terá duas etapas. Primeiro se elegerá a chapa para formar o diretório, composta por 177 titulares e 53 suplentes. Uma vez eleito, o diretório mais os deputados e senadores escolherão a Executiva.

Em geral, a convenção é mera formalidade e tanto diretório quanto Executiva e presidente são acertados previamente. Neste ano, membro da Executiva admitiu a possibilidade de duas chapas se apresentarem.

À Folha, Goldman disse que ambos os candidatos e outras lideranças concordam com a chapa única, mas está trabalhando para garanti-la, dada toda a indefinição. "Seria um desgaste muito grande termos duas chapas, não se pode negligenciar nada."

Além das dificuldades de se preencher chapa tão grande, o constrangimento de caciques em se posicionarem para um ou outro grupo geraria um clima de "vencidos versus vencedores", que aprofundaria o racha, dizem dirigentes tucanos.

Por isso, trabalha-se com a alternativa de o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ser aclamado presidente do PSDB.

A equipe de Perillo calcula que ele tenha maioria entre os delegados de Santa Catarina, Minas e Pernambuco, além de Goiás. Conta com o apoio dos governadores Pedro Taques e Reinaldo Azambuja para ampliar votos no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, respectivamente.

Auxiliares reconhecem chance de derrota no Rio Grande do Sul e a divisão em São Paulo e Paraná.

Por sua vez, aliados de Tasso dizem ter os votos da Paraíba, Alagoas, Bahia, Rio, Paraná e boa parte do Rio Grande do Sul, salvo pela deputada Yeda Crusius, que se posicionou a favor de Perillo.

O peso de cada Estado é calculado por fatores como o número de diretórios municipais e sobretudo o tamanho das bancadas na Câmara e no Senado (conta em dobro).

A atual Executiva estima que terá cerca de 550 delegados para votar, sendo que São Paulo é o maior colégio eleitoral, seguido por Minas. Depois Goiás e Paraná estão embolados. Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul aparecem na sequência.


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