Folha de S. Paulo


Site eleitoral de Alckmin vende tucano como experiente, humilde e honesto

Reprodução
GERALDO ALCKMIN PREPARADO PARA O BRASIL
Reprodução de site da pré-campanha de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) a presidente

Na estreia da pré-campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência em 2018 na internet, o governador tucano de São Paulo é apresentado ao eleitor como experiente, honesto, humilde, de "hábitos simples" e com valores católicos herdados de seu pai.

O site (www.geraldoalckmin.com.br), bancado pelo PSDB-SP, busca evitar problemas com a Justiça Eleitoral e mostra Alckmin com o slogan "Preparado para o Brasil", mas em nenhum momento fala explicitamente em candidatura à Presidência —o que ensejaria a óbvia acusação de campanha antecipada.

A peça foi ar nesta segunda (23), e faz parte do pacote vendido ao partido pelo publicitário Lula Guimarães, que fez a campanha vitoriosa de João Doria (PSDB) —o hoje prefeito de São Paulo viu suas intenções de suplantar o padrinho Alckmin na indicação tucana à Presidência murchar nas últimas semanas.

Se serve de "test-drive" sobre o discurso que Alckmin pretende adotar caso seja candidato, é presumível que o tucano tentará se vender como uma alternativa de estabilidade na conturbada política nacional. "O Brasil está diante da sua mais grave crise política. Falta esperança no futuro. Alckmin tem as qualidades que o Brasil precisa para recuperar sua confiança no futuro", diz o texto sob o título "Por que Geraldo Alckmin?".

Enfatiza que ele é "equilibrado", em contraposição a eventuais candidaturas que apostem em retórica mais estridente —hoje, Jair Bolsonaro (PSC), Ciro Gomes (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Doria são usualmente associados a argumentações inflamadas.

O site cita a situação fiscal paulista, que é mais equilibrada do que a de outras unidades da Federação. Vende como realizações do tucano a qualidade de hospitais públicos e o combate à violência: a redução do número de homicídios por 100 mil habitantes entre 2005 e 2015 (período em que Alckmin esteve no Palácio dos Bandeirantes por seis anos, e teve aliados lá nos outros quatro) é apresentada com destaque, ainda que por vezes ela seja contestada por embutir mudanças metodológicas nas contas oficiais.

Antecipando-se ao que deverá ser uma tônica na campanha, o site tem uma seção chamada "Anti Fake News", para combater o que considera versões caluniosas que correm as redes contra o tucano. Estreou dizendo que Alckmin não mandou investigar o filho de Lula por suposto tráfico, mostrando que a frase "Quem quer dar aula faz isso por gosto, não por salário" não é do governador e apontando que o "Santo" na famosa lista da propina da Odebrecht não era o tucano, mas um burocrata já morto —aqui, a fonte é uma reportagem de jornal.

Sobre outra acusação que pesa contra Alckmin na Operação Lava Jato, de que teria recebido R$ 10,7 milhões em caixa 2 em 2010, não há menção. Alckmin nega irregularidades, e não é objeto de investigação formal, apenas citação por delatores. Por isso, nos meios políticos há um consenso de que até aqui o tucano escapou de danos de imagem decorrentes de investigações judiciais.

No mais, um artigo de jornal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticando candidatos que se apresentam como novidade, cronologia e fotos, muitas fotos de Alckmin em eventos diversos, incluindo a sempre presente imagem do político com um chapéu de palha.


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