Folha de S. Paulo


Cabral é condenado pela terceira vez, com pena de 13 anos

José Lucena - 10.jul.2017/Futura Press/Folhapress
O ex-governador Sérgio Cabral deixa sede da Justiça Federal no Rio de Janeiro
O ex-governador Sérgio Cabral deixa sede da Justiça Federal no Rio de Janeiro

O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) foi condenado pela terceira vez em ação penal decorrente da Operação Lava Jato. O juiz Marcelo Bretas impôs uma pena de 13 anos ao peemedebista no processo que tratava da Operação Mascate.

O processo analisava a lavagem de dinheiro de R$ 3,4 milhões feita pelo ex-assessor do peemedebista Ary Filho por meio de concessionárias de carro. As empresas firmaram contrato fictício com firma de Carlos Emanuel Miranda, outro ex-assessor de Cabral, a fim de "esquentar" recursos.

Filho foi condenado a nove anos e quatro meses e poderá recorrer em liberdade. Miranda recebeu uma pena de 12 anos e permanece preso em razão das investigações ainda em curso.

CONDENAÇÕES

Cabral já havia sido condenado em outros dois processos, somando um total de 59 anos de prisão. Com a nova sentença, o ex-governador já acumula 72 anos de pena. Ele ainda responde a outras 13 ações penais.

A Procuradoria afirma que o ex-governador cobrava 5% de propina nos grandes contratos do Estado. Parte do dinheiro era mantida no exterior e outra parte, lavada por meio de esquemas dentro do país.

Em depoimento, Cabral negou que tivesse qualquer relação com os contratos fictícios firmados entre as concessionárias e as empresas de Miranda. Disse também não saber porque Ary Filho entregava dinheiro vivo aos empresários.

O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, afirmou que "a sentença relativa à Operação Mascate choca, não só pela injustiça da condenação, mas por ter sido, das sentenças proferidas até o momento, a que mais se afastou das provas dos autos e a que mais violou direitos e garantias do processo penal e da Constituição".

"O juiz acabou se colocando em uma situação de xeque, porque, quando se fatia a mesma causa em vários processos, a primeira condenação acaba condicionando todas as decisões posteriores. Foi o que aconteceu com a causa do ex-governador. Com a primeira sentença condenatória, o juiz acabou se obrigando a condená-lo também em todos os outros processos, já que na primeira sentença ele pré-julgou todos os fatos", afirmou Roca.

As defesas de Filho e Miranda não se pronunciaram até a publicação desta nota.


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