Folha de S. Paulo


Em áudio, executivo da JBS e deputado falam de propina de R$ 4 milhões

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Depoimento do delator Ricardo Saud, da empresa JBS
Depoimento do delator Ricardo Saud, da empresa JBS

Um dos novos áudios da delação da JBS que vieram a público nesta sexta-feira (29) mostra uma conversa do executivo Ricardo Saud com o ex-deputado federal João Magalhães (PMDB-MG) sobre dinheiro que deveria ter sido repassado ao político.

Segundo a revista "Veja", que publicou a gravação, trata-se de propina de R$ 4 milhões que teria sido prometida a Magalhães, ao atual vice-governador de Minas, Antonio Andrade, e a outros integrantes da bancada mineira na Câmara dos Deputados.

Magalhães, no entanto, acabou não recebendo o repasse, pelo temor de ser descoberto transportando o valor, que teria saído dos cofres da JBS.

O parlamentar, que hoje é deputado estadual em Minas, confirma na gravação que teve medo de ser flagrado pela Polícia Federal e se recusou a transitar com os recursos num deslocamento para o interior do Estado.

Com isso, Andrade, que teria recebido a propina pelos dois, acabou ficando com a totalidade do valor, de acordo com os relatos da gravação.

"Nós chegamos na Pampulha [aeroporto para voos particulares em Belo Horizonte]. Eu tava indo para um comício em Mantena. [Como] vou descer em Governador Valadares? A Polícia Federal em Valadares é em frente ao aeroporto. Aí você chega com uma mochila cheia de dinheiro?", diz Magalhães.

Saud então afirma ao deputado que ele "tomou um chapéu", ou seja, foi passado para trás. "Nós resolvemos tudo. Aquilo tá resolvido. Você tomou um chapéu", diz o executivo ao parlamentar.

A Folha tentou falar com Magalhães em seu gabinete na Assembleia Legislativa de Minas, mas uma funcionária informou que ele está viajando nesta sexta-feira e não pode ser localizado.

A assessoria de Andrade foi contatada, mas não se manifestou até a publicação deste texto.

Em nota, a J&F (controladora da JBS) disse que os áudios divulgados pela revista já tinham sido recuperados dos aparelhos entregues há meses por Joesley Batista à Polícia Federal.

Segundo a empresa, os arquivos estavam com sigilo decretado pelo Supremo Tribunal Federal por se tratar de diálogos entre advogados e clientes.


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