Folha de S. Paulo


Em NY, Temer diz que STF é 'soberano' para decidir se suspende denúncia

Li Muzi/Xinhua
Presidente Michel Temer faz discurso em Nova York, em encontro da ONU
Presidente Michel Temer faz discurso em Nova York, em encontro da ONU

O presidente Michel Temer disse nesta quarta (20), em Nova York, que o STF (Supremo Tribunal Federal) é "soberano" para decidir se suspende a tramitação de uma segunda denúncia contra ele.

Temer foi questionado por jornalistas após falar por quase 20 minutos em um seminário organizado pelo jornal "Financial Times" na cidade, às margens da Assembleia Geral da ONU.

"O Supremo é soberano, decide de acordo com o que ele entenda melhor", limitou-se a dizer o presidente, que vinha evitando falar das duas denúncias contra ele desde que chegou aos Estados Unidos, na última segunda (18).

Os seguranças do presidente tentaram barrar a aproximação dos repórteres com empurrões.

O STF julga nesta quarta o pedido da defesa do presidente para suspender a tramitação da denúncia na qual ele foi acusado de obstrução de Justiça e participação em organização criminosa.

A defesa de Temer alega que a tramitação da denúncia deve ser suspensa até que "questões preliminares" envolvendo as provas da delação da JBS sejam resolvidas. As informações levadas por delatores da empresa, entre eles Joesley Batista, foram usadas como base para a acusação.

Ao ser questionado sobre a queda na sua aprovação, Temer "convidou" os jornalistas a verem o protesto do lado de fora do hotel onde ocorreu o evento.

"Vem cá, venha registrar o protesto. Protesto de quatro pessoas", disse. Em frente ao hotel, dois manifestantes com cartazes gritavam "golpista, traidor".

Na saída do evento, Temer também foi questionado sobre as dúvidas apresentadas por investidores sobre se as reformas tocadas por seu governo serão mantidas após as eleições de 2018. "As reformas vão continuar", afirmou.

'BRASIL VOLTOU'

Durante sua exposição aos investidores americanos, Temer não mencionou em nenhum momento a crise política no país, se concentrando em afirmar que "a recessão ficou para trás" e que o "Brasil voltou para ficar".

"A recessão ficou para trás. A inflação, que superava 10%, agora está abaixo de 2,5%.

E estou falando de um governo que não tem quatro anos, mas de um governo de 17 meses", disse.

Temer destacou o avanço das reformas "há muito tempo reclamadas no país" e o "restabelecimento" do diálogo com o Congresso.

"Quando assumimos o governo, há menos de um ano e meio, enfrentávamos a maior crise econômica de nossa história. O diagnóstico era claro: a crise tinha natureza sobretudo fiscal. Daí nosso empenho, desde a primeira hora, em conceber uma agenda de reformas que fosse à raiz desse problema", afirmou.

Temer destacou as características que tornam o Brasil "especialmente atrativo para investidores de todas as partes do mundo". "Somos, historicamente, um espaço de estabilidade, distante dos focos de tensão geopolítica. () Somos uma sociedade plural, marcada pela tolerância e pela abertura ao outro. Esses são, nos dias que correm, bens escassos, que temos cultivado e que queremos valorizar sempre mais."

Afirmou ainda que o país está "desburocratizando a vida do empreendedor". "Estamos revisando ou mesmo eliminando dezenas de procedimentos. Trabalhamos, agora, em um amplo esforço de simplificação do sistema tributário."


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