Folha de S. Paulo


PF investiga fraudes em pesquisas eleitorais na Bahia

Christophe Simon - 9.fev.2012/AFP
O ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia deputado Marcelo Nilo (PDT)
O ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia deputado Marcelo Nilo

A Polícia Federal e o Ministério Público Eleitoral deram início na manhã desta quarta-feira (13) à Operação Opinião, que apura fraudes em pesquisas eleitorais na Bahia.

Um dos alvos é o deputado estadual Marcelo Nilo (PSL), que presidiu a Assembleia Legislativa da Bahia entre 2007 e 2016.

Segundo a PF, há indícios de que o deputado seria o real controlador do instituto de pesquisas Babesp (Bahia Pesquisa e Estatística).

A empresa teria sido utilizada para "contabilização fraudulenta" de recursos de caixa 2 e também para manipulação de resultados de pesquisas eleitorais.

Conhecida no meio político baiano como "Datanilo", numa referência ao deputado Marcelo Nilo, o instituto registrou 39 pesquisas eleitorais no Tribunal Superior Eleitoral entre 2012 e 2016. Destas, 28 foram contratadas pelo próprio Nilo.

O deputado sempre negou ser dono da Babesp e dizia que o instituto pertencia a um amigo. A empresa está em nome de Roberto Pereira Matos.

Em 2015, a Folha revelou Roberto Matos que constava entre os beneficiários de bolsas de estudo que deveriam ser concedidas a estudantes carentes pela Assembleia Legislativa da Bahia, na época comandada por Nilo.

"É uma empresa que não dá lucro e faz muitas pesquisas de graça. Fez muitas pesquisas pra deputados que não pagaram. Eu, inclusive, não paguei algumas", justificou Nilo na ocasião.

BUSCA E APREENSÃO

A PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão, incluindo a casa, o gabinete do deputado Marcelo Nilo na Assembleia Legislativa, além da residência de um de seus genros.

Também houve buscas nos endereços do proprietário da Babesp, Roberto Matos, e na Leiaute Comunicação, agência de publicidade que atende aos governos petistas da Bahia desde 2007.

Cerca de 30 policiais federais participaram da operação, que visa apreender documentos, papéis, registros e dados que possam contribuir com as investigações.

OUTRO LADO

Em discurso na Assembleia Legislativa na tarde desta quarta, Marcelo Nilo negou que seja proprietário do instituto de pesquisa e também negou quaisquer irregularidades na contratos feitos com a Basbep.

"Fui cliente da Babesp, como outros deputados. O instituto começou a acertar e a demanda aumentou. Vossas excelências pagavam ao diretor Roberto Matos, não ao deputado Marcelo Nilo. Eu contratei e da minha conta foi transferido o dinheiro para a Babesp", afirmou o deputado.

Nilo ainda classificou como "absurda" a busca e apreensão feita pela PF em sua casa e seu gabinete. "Hoje é o dia mais difícil da minha vida", afirmou.


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