Folha de S. Paulo


Aprendi com Alckmin que decisão de candidatura vem do povo, diz Doria

Em conversa com jornalistas após seu discurso no "Global Positive Forum", na tarde desta sexta-feira (1º) em Paris, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), reagiu às declarações de seu padrinho político, Geraldo Alckmin, de que quer ser um "presidente para o povo brasileiro".

"Ele tem todo o direito não apenas de anunciar que vai disputar, como de disputar a Presidência da República, mas os tempos caminham e eu aprendi também com o Geraldo Alckmin e com o Fernando Henrique Cardoso que a melhor decisão referente a uma candidatura –principalmente a uma eleição– parte do povo", afirmou o prefeito paulistano.

Doria afirmou também que continuará viajando durante o seu mandato porque se considera um "político global". Suas viagens são vistas como uma estratégia para promover sua eventual candidatura ao Planalto.

"Viajo e continuarei a viajar. São Paulo é uma cidade global, eu sou um prefeito global... acabou o tempo do século 20, do século 19. Quem gosta de fazer política miúda, pequena, personalista é o PT. Eu prefiro fazer a política mais ampla, plural e que atende ao interesse da população de forma global", afirmou.

O prefeito disse que não descarta a possibilidade de ser candidato à Presidência da República nas eleições de 2018. Ele destaca Emmanuel Macron, presidente da França, como um político "inspirador" em sua trajetória política.

INSPIRAÇÃO

"Ele é inspirador, sim, pela sua juventude, capacidade inovativa, por ele ter quebrado inclusive aqui [na França] os princípios históricos e vencido partidos políticos de décadas, construindo uma trajetória vitoriosa", disse o prefeito tucano.

Mesmo sem constar na agenda oficial do presidente Macron, o paulistano disse que encontraria às 19h30 [14h30 no horário de Brasília] desta sexta o presidente francês em sua residência oficial, o Palácio Elysée.

Questionado sobre fundar ou mudar de partido para concorrer à Presidência, caso Geraldo Alckmin seja o candidato escolhido pelo PSDB, Doria disse apenas que não tem essa intenção. "Meu foco neste momento é administrar a cidade de São Paulo e fazer uma boa gestão", desconversou.

Em seguida, o prefeito paulistano citou como outro "exemplo" o presidente da Argentina, Mauricio Macri. O tucano confirmou que encontrará Macri em 14 de setembro para uma conversa sobre política pública.

"Foi um grande prefeito em Buenos Aires, e tem feito uma boa gestão à frente da Argentina resgatando o orgulho dos argentinos e colocando a economia deste país vizinho nos trilhos", afirmou.

Ele ainda falou de projetos de saúde, educação e empreendedorismo no seu governo e confirmou que o próximo "Global Positive Forum" acontecerá em novembro de 2019, no novo hotel Palácio Matarazzo, a ser inaugurado no mesmo ano, em São Paulo.

PROTESTO

Durante o fórum global em Paris, um pequeno grupo de brasileiros protestou contra o governo Temer e a ação das autoridades paulistanas na "cracolândia". Ao ser abordado na saída do evento, o prefeito defendeu que a polícia não agiu com violência na retirada dos usuários de drogas das ruas de São Paulo.

Os manifestantes debateram dizendo que na França não aconteceria o mesmo. "Tudo aqui é esclarecido. Em Paris as coisas são diferentes", respondeu em tom irônico o prefeito.

O tucano ainda apontou como "extemporâneo" o protesto contra o Temer, mas não defendeu o presidente. "Toda manifestação merece respeito", concluiu.


Endereço da página:

Links no texto: