Folha de S. Paulo


Fachin devolve delação de Lúcio Funaro para a Procuradoria

Lula Marques / Folha imagem
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, no Senado Federal, ouve Lúcio Bolonha Funaro (foto), corretor de câmbio que intermediou operações para dirigentes da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). Local: Sala 2 da Ala Nilo Coelho. Politica.
O corretor de valores Lúcio Funaro, que aguarda homologação da delação

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), devolveu nesta quarta-feira (30) a delação premiada do corretor de valores Lúcio Funaro para a Procuradoria-Geral da República.

A PGR precisa fazer ajuste em uma cláusula, relativa a improbidade administrativa, do acordo que foi levado ao ministro, apurou a Folha.

O procedimento está em segredo de Justiça.

Nos bastidores do Supremo, Fachin já disse que é possível devolver um acordo para eventualmente ajustar alguma cláusula.

A pessoas próximas, Fachin já fez menção ao fato de o antigo relator da Lava Jato, Teori Zavascki, ter devolvido acordo para a PGR.

Teori determinou que a Procuradoria fizesse ajustes em ao menos três acordos: Delcídio do Amaral, ex-senador do PT no Mato Grosso do Sul; Pedro Corrêa, ex-deputado federal (PP-PE); e Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro.

No caso de Delcídio e Machado, a PGR teve de fazer ajuste de cláusula, assim como no caso de Funaro. Já em relação ao acordo de Corrêa, o ministro ficou reticente em relação a declarações que estavam muito "vagas".

A expectativa é que a PGR faça os ajustes necessários nesta semana, se possível nesta quinta (31).

Segundo apurou a reportagem, a PGR está trabalhando intensamente para resolver o problema apontado pelo ministro.

SEGUNDA DENÚNCIA

As informações prestadas por Funaro devem ser usadas na segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.

Embora a delação não precise estar homologada para isso, a Folha apurou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está determinado a usar as declarações de Funaro apenas depois da homologação, a fim de evitar o máximo possível de contestações na Justiça.

O corretor de valores prestou depoimentos envolvendo a cúpula do PMDB, incluindo Temer e seus principais auxiliares.

A delação de Funaro não deve ser homologada nesta semana por falta de tempo hábil.

No entanto, isso não deve atrasar o oferecimento da denúncia, que deve ser feito até a próxima quarta, apurou a reportagem.

Fachin recebeu o material da delação de Funaro na tarde desta terça (29) e depois foi para a sessão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O ministro tem dito que não vai acelerar nenhum procedimento referente à homologação no caso de Funaro.

Quando o material voltar da PGR, Fachin vai fazer nova análise dos termos do acordo e da legalidade das cláusulas.

Ele também vai designar um juiz auxiliar para ouvir o delator em audiência com o objetivo de saber se não foi coagido a falar e, só depois disso, decidir sobre a homologação.

Ao receber uma delação, o juiz precisa analisar a legalidade, a voluntariedade e a regularidade do acordo. Caso avalie que há necessidade de fazer alguma alteração, ele remete o material ao Ministério Público para alterações.


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